quarta-feira, 12 de novembro de 2014

California Breed - California Breed [2014]



Quando o baixista e vocalista Glenn Hughes anunciou o fim do Black Country Communion em 23 de março de 2013, muitos foram os fãs dessa incrível banda que ficaram com uma pulga atrás da orelha. Afinal, a justificativa de que o guitarrista Joe Bonamassa queria desenvolver seu projeto solo e não deixaria a banda usar o nome Black Country Communion não pegou bem principalmente para aqueles que adoram uma treta. Ao mesmo tempo, Hughes afirmou que ele, o baterista Jason Bonham e o tecladista Derek Sherinian (ou seja, os demais membros do Black Country Communion), iriam voltar  a tocar juntos na oportunidade certa.

Pois a oportunidade demorou pouco menos de um ano, e após ser anunciado (agosto de 2013) que Sherinian estava integrando o grupo de Bonamassa no final de 2013 começaram os ensaios do California Breed, com Hughes, Bonham e Andrew Watt nas guitarras. Watt foi apresentado a Hughes por Julian Lennon, durante um show de Hughes em Nova Iorque, e rapidamente, a dupla começou a compôr as primeiras canções, que com o auxílio de Bonham, concluíram-se em doze belíssimas faixas de California Breed.

Andrew Watt, Glenn Hughes e Jason Bonham

Lançado em maio desse ano, pouco após o single "Midnight Oil", o disco é uma perfeita continuação dos trabalhos do Black Country Communion, com as evidentes ausência dos teclados de Sherinian e do estilo mais contido de Watt em relação ao virtuosismo de Bonamassa.

Quem gostava das linhas de baixo e guitarra sendo reproduzidas ao mesmo tempo nas canções do Black Country Communion irá se deliciar com o pesado riff de "The Way", com Jason resgatando as batidas que consagraram seu pai e Hughes soltando a voz em uma interpretação fulminante, que irá se repetir em outras pancadas como "Strong", apresentando uma interessante levada ao violão, mas com uma entrega total de Hughes nos vocais, ou "Scars", uma espécie de boogie recheada de distorções e gritos insanos.

Mas California Breed não sobrevive apenas de pancadaria, pois "Chemical Rain" e "Days The Come" mostram um lado mais ameno, lembrando Alice in Chains em seus riffs principais, em canções mais arrastadas em relação as demais, ou ainda a balada "All Falls Down", na qual o centro das atenções vai para Watt, apresentando um bonito dedilhado durante boa parte da canção e com um solo carregado de bends agudos e gritantes. Outro ponto atraente para essa faixa vai para o refrão, extremamente grudento.

O moderno Glenn Hughes (ao vivo e no encarte)

Os que curtem Hughes cantando em uma linha dançante balançarão o corpo com "Midnight Oil", o primeiro single do grupo, que já nasce para ser mais um clássico na carreira do vocalista, com seu refrão pronto para levantar arenas, e Jason emocionando ao final ao encarnar o papai John em uma sequência de viradas que só a família Bonham consegue criar.

"Sweet Tea" é "The Grey" são canções destinadas para um público mais jovem, trazendo refrões grudentos e a performance vocal de Hughes sempre perfeita, sendo boas faixas para apresentar o veterano vocalista a uma geração que o conhece apenas como mais um membro da Mark III do Deep Purple, ignorando seu passado com o Trapeze, desconhecendo a sua longa carreira solo ou ainda, menosprezando o cultuado Come Taste the Band, lançado pela Mark IV do Deep Purple em 1975. Para eles, "Spit You Out" deverá ser a canção perfeita, pois Hughes abusa de efeitos em sua voz, ora duplicando-a, ora com distorções, mas sempre mantendo a impecabilidade que o coloca entre os principais músicos de sua geração. Além disso, Watt e Jason também estão tocando muito, complementando a faixa no mesmo nível que Hughes.

Falando em Come Taste the Band, "Breathe" é uma balada para confortar corações, com Hughes soltando a voz tal qual a clássica "This Time Around", registrada pelo Deep Purple em tal álbum. Aliás, é impressionante como Hughes, mesmo depois de anos com consumo de drogas pesadas, consegue cantar como um menino no auge de sua puberdade. Vale ressaltar que "Breathe" conta com os vocais de apoio por Julian Lennon.

A encarnação de John Bonham, Jason Bonham

Para surpresa mais que geral, "Invisible" aparece com um peso descomunal, com Watt lembrando Iommi e facilmente nos colocando em Seventh Star (disco do Black Sabbath lançado em 1986 com os vocais de Hughes), alternado com uma melodia vocal belíssima, cercada por dedilhados, marcação no cowbell e um solo entusiasmante que a torna facilmente uma das candidatas para melhor faixa desse grandioso álbum, que surgiu imponente no mercado e já atingiu a primeira posição na parada Rock do Reino Unido.

Além da versão normal, o álbum saiu em uma versão DELUXE, trazendo um DVD bônus com os clipes de "The Way" e "Sweet Tea", bem como o Making Of de California Breeding, e uma canção bônus, "Solo" para a versão internacional, uma faixa pesadíssima, com uma introdução matadora e Hughes pisoteando sem piedade o wah-wah, em uma faixa que poderia tranquilamente estar na versão normal de California Breed, e uma versão acústica de "Breathe", apenas para o mercado japonês. O álbum é acompanhado com um bonito encarte trazendo fotos individuais (as que aparecem nesse texto) de cada integrante, bem como as letras das músicas e detalhes sobre a gravação.


O novato Andrew Watt

Glenn Hughes prova com o California Breed que é capaz de fazer o que quiser em sua carreira, e o resultado será sempre de grande qualidade. O homem anda inspirado há alguns anos, e tem dito a sorte de conseguir parcerias sublimes e pontuais para complementar sua obra. A revelação de Andrew Watt como mais uma promessa nas guitarras, e o atestado de que sim, Jason Bonham é uma encarnação de seu pai, capaz de tocar próximo ao que John fazia no Led Zeppelin, valorizam ainda mais do power trio, que contam com a participação especial de Mike Webb, nos poucos teclados presentes no álbum, e da voz feminina de Kristen Rogers em algumas canções, assim como a percussão de Dave Cobb.

Como muita coisa acontece em um ano, Bonham já saiu do California Breed, alegando problemas pessoais, e para seu lugar, o veterano Joey Castillo (Queens of Stone Age, Danzig) foi contratado. A banda atualmente excursiona pela América do Norte, arrancando sonhos dos brasileiros de poder ver ao vivo as canções daquele que talvez possa ser considerado o álbum do ano.

Contra-capa da versão DELUXE


Track list

1. The Way
2. Sweet Tea
3. Chemical Rain
4. Midnight Oil
5. All Falls Down
6. The Grey
7. Days The Come
8. Spit You Out
9. Strong
10. Invisible
11. Scars
12. Breathe

DELUXE EDITION BONUS TRACK

13. Solo (versão internacional)

13. Breathe (Acoustic) (Versão japonesa)

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