segunda-feira, 30 de junho de 2014

Review Exclusivo: Paralamas do Sucesso (São Borja, 27 de junho de 2014)



Depois de presenciar o show do grupo brasiliense Raimundos em abril desse ano, os são-borjenses puderam assistir outro grupo da capital nacional em sua cidade, já que na última sexta-feira, a Terra dos Presidentes recebeu Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro, nacionalmente (e por que não mundialmente) conhecidos por Paralamas do Sucesso.

O grupo esteve promovendo a turnê de 30 anos de carreira, que esteve pelo Rio Grande do Sul com shows em Porto Alegre (24), Pelotas (25), Nova Prata (28) e Passo Fundo (29), e chegou na chuvosa São Borja para apresentar-se em um evento beneficente em nome do Hospital Ivan Goulart, o único hospital da cidade. Há alguns anos, o trio já havia apresentado-se na mesma cidade, porém a expectativa é que esse show trouxesse os sucessos que marcaram toda a carreira de sem dúvidas uma das maiores bandas da música brasileira. 

João Barone, Bi Ribeiro, Herbert Vianna e João Fera
(foto do facebook oficial do grupo)

Apesar da boa divulgação, pouco mais de setecentas pessoas não lotaram o Ginásio de Esportes Cleto Dória de Azambuja, mas os presentes não tiveram do que reclamar. Acompanhados de João Fera (teclados) e da dupla de metais Monteiro Jr. (saxofone) e Bidu Cordeiro (trombone), os Paralamas do Sucesso alegraram e fizeram os gaúchos (e alguns argentinos, já que a cidade faz fronteira com a hermana Santo Tomé) dançarem com um repertório bastante variado, que abriu com "Vulcão Dub", "Alagados", "Carro Velho" e "Bora Bora". 

Com apenas quatro canções, dois fatos já se destacavam: primeiramente, a capacidade técnica de Herbert Vianna. Com o passar dos anos, o músico está cada vez melhor como guitarrista, fazendo ritmos, batidas e solos com precisão e uma tranquilidade que não se via quando o grupo cresceu nos anos 80. Segundo, o belíssimo telão, que interagia com a plateia música por música, apresentando a mesma e destacando o ano em que foi lançado.

O telão interagindo com a plateia, apresentando "O Calibre"
Somente depois da quinta música que o Ginásio chegou no máximo de presentes, que fizeram a festa com "Patrulha Noturna", "Cinema Mudo", "Ska", "Selvagem", trazendo uma citação para "Polícia", dos Titãs, "O Calibre", com uma longa introdução apresentando "Whole Lotta Love", e "Mensagem do Amor". Nesse trecho do show, o grande destaque ficou por conta de João Barone, um grande baterista cujo reconhecimento só aumenta ano após ano, devido principalmente a sua extrema perfeição no comando do kit, que apesar de ser simples, transborda uma sonoridade descomunal.

As baladas "Cuide Bem" e "De Perto" fizeram rolar alguns beijos e amassos na plateia, enquanto "Busca Vida" tornou-se surpreendentemente uma das canções mais cantadas pelos presentes até então. O momento romântico retornou com a trinca "Me Liga", tendo uma pequena citação para "Como Uma Onda", de Lulu Santos, "Saber Amar" e a clássica "Romance Ideal", outra bastante ovacionada no Ginásio.

Apenas o trio Barone, Ribeiro e Vianna
"Quase Um Segundo" teve uma emocionada interpretação de Herbert, acompanhado apenas pelos teclados de João Fera, e o Ginásio voltou a dançar com as clássicas "Meu Erro" e "Óculos", voltando para mais uma belíssima interpretação de Herbert, agora para "Lanterna dos Afogados", cujo solo de guitarra arrepiou. 

"Na Pista" e "Meu Sonho" foram as representantes mais atuais dos álbuns da banda, respectivamente de Hoje (2005) e Brasil Afora (2009), e "Ela Disse Adeus" retornou aos velhos clássicos, seguida por "Você" (e a tradicional citação à Tim Maia com "Gostava Tanto de Você", inclusive com a presença do síndico no telão), "A Novidade" e uma sequência simplesmente perfeita para levantar a galera, trazendo nada mais nada menos que "Melô do Marinheiro", "Uma Brasileira", "O Beco" e "Lourinha Bombril".

O trio e João Fera
Com pouco mais de uma hora de duração, os brasilienses saíram do palco, sem muita conversa (ou muito papo como o próprio Herbert disse) e tocando bastante. Ainda houve tempo para Barone fazer uma breve citação ao fato da beneficência do show, demonstrando respeito e dizendo que todo o dinheiro arrecadado com os ingressos ia ser doado ao hospital, obviamente ovacionado pelos fãs.

Depois de um pequeno intervalo com muitos aplausos e gritos por mais um, o grupo retornou ao palco para um longo bis, que agitou mais uma vez trazendo "Aonde Quer Que Eu Vá", "Caleidoscópio", "Vital e Sua Moto" e encerrando com uma homenagem à Legião Urbana, em uma furiosa interpretação para "Que País É Este", e infelizmente, o grupo deixou o palco, sobre uma grande ovação de fãs sortudos, que sem dúvidas foram para casa muito satisfeitos pela qualidade que lhes foi apresentada.

Como defeito para mim, infelizmente os álbuns que mais admiro do grupo (os experimentais Os Grãos, de 1991, e Severino, de 1994) ficaram de fora da apresentação, mas mesmo assim, ver e ouvir esses gigantes do rock nacional de pertinho foi uma oportunidade rara, e que o grupo fez valer o ingresso com sobras com mais de trinta canções de seus trinta anos de carreira, celebrados e aplaudidos merecidamente por um grupo que ainda tem muito por apresentar para seus fãs. 

Encerramento do show 

Set list

1. Vital Dub
2. Alagados
3. Carro Velho
4. Bora Bora
5. Patrulha Noturna
6. Cinema Mudo
7. Ska
8. Selvagem (citação de Polícia)
9. Calibre (citação de Whole Lotta Love)
10. Mensagem de Amor 
11. Cuide Bem
12. De Perto
13. Busca Vida
14. Me Liga (citação de Como Uma Onda)
15. Saber Amar
16. Romance Ideal
17. Quase Um Segundo
18. Meu Erro
19. Óculos
20. Lanterna dos Afogados
21. Na Pista
22. Meu Sonho
23. Ela Disse Adeus
24. Você (citação de Gostava Tanto de Você)
25. A Novidade
26. Melô do Marinheiro
27. Uma Brasileira
28. O Beco
29. Lourinha Bombril

BIS

30. Aonde Quer Que Eu Vá
31. Caleidoscópio
32. Vital E Sua Moto
33. Que País É Esse?

Um comentário:

  1. Gostaria de agradecer a parceria do colega Antonio Candido e sua esposa Flavia, os quais foram os responsáveis por doar o ingresso que aparece acima, assim como minha querida digníssima Bianca, que tornou o show ainda mais animado. Alguns comentários a mais que não quis trazer para o texto, mas acho que é interessante mostrar.

    1) Foi vendido bebida alcoolica no local, e não houve nenhum incidente, o que comprova que nem sempre é a bebida o que causa transtornos, mas sim a incapacidade das pessoas em conviverem uma com as outras.

    2) Decepcionante o público. Apesar da quantidade de chuva que caiu na cidade, não havia por que ter tão pouca gente. As vezes o som no Ginásio ecoava (principalmente no início do show), e só tem-se a lamentar com esse fato. Uma banda de tamanho porte ser recebida por um número reduzido de pessoas. E não adianta botar a culpa no ingresso. O valor inicial era de 25 reais, e o mesmo encontrou-se esgotado em poucos dias. É incompreensível isso.

    3) O telão, Herbert Vianna, João Barone, João Fera, todos são perfeitos, mas o principal do show é realmente a MÚSICA. Para quem viveu os anos 80 e 90, fica impossível não se agitar, cantar ou dançar com as canções apresentadas. A maioria fez muito, mas muito sucesso, que independente da idade do vivente, ele certamente reconhecerá a tal, e não dá para negar que pode até não ser o seu estilo favorito, mas a qualidade dos arranjos cativa os ouvidos

    4) Por fim, os Paralamas não são a melhor banda do Brasil com certeza, e acredito que entraram naquela fase de viverem para apresentarem o passado, como toda grande banda. Tomara que consigam voltar a emplacar novos sucessos, pq seria uma pena ver um trio de tamanha qualidade ficar rodando o Brasil para plateias diminutas como a que presenciei na última sexta.

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