sábado, 2 de novembro de 2013

Melhores de Todos os Tempos: 1971

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Led Zeppelin: John Paul Jones, John Bonham, Robert Plant e Jimmy Page
Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Fernando Bueno, Mairon Machado, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues
Participação especial de Thiago Sarkis, ex-redator da revista Roadie Crew
O ano de 1971 marcou a consolidação definitiva de um excitante gênero musical que já havia marcado presença nas paradas mais importantes, mas ainda sem tanta força coletiva quanto ocorreu nesse ano: o rock progressivo. Por essa razão, não é de se admirar que cinco discos intimamente relacionados ao estilo aparecem em nossa lista definitiva enumerando os dez melhores lançamentos de 1971. Apesar da inegável devoção de diversos colaboradores desta série para com esse gênero, ainda mais difícil de negar é que, mesmo assim, a primeira posição foi ocupada, com folga, por uma força ainda mais assombrosa, praticamente unanimidade de crítica e público: o quarto álbum do Led Zeppelin, que confirmou de vez o status do grupo como o mais importante da década de 1970, arrebatando milhões de fãs ao redor do globo. Relembro-os sempre que o critério para elaborar nossa listagem final, baseada nas listas individuais de cada colaborador, segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Sintam-se livres para manifestar, nos comentários, suas opiniões a respeito do resultado final, sejam elas concordantes ou discordantes. Confira todas as publicações da série clicando aqui.

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Led Zeppelin – Led Zeppelin IV (137 pontos)
Adriano: É verdade que não alimento simpatia pelo Jimmy Page, mas a verdade também é que os últimos lugares da minha lista de 1971 foram disputadíssimos, e este poderia ser um dos discos escolhidos. Pelo menos quatro clássicos se encontram aqui: “Black Dog”, “Rock and Roll” (cuja introdução de bateria foi retirada de “Keep a Knockin’”, de Little Richard), “Stairway to Heaven” (uma das melhores músicas do ano e de todos os tempos) e “Misty Mountain Hop” (só eu considero esta uma das melhores canções da carreira da banda?). O grupo peca levemente nas duas últimas, mas o que fizeram antes compensa. Melhor disco deles desde o primeiro, com o diferencial de aqui eles terem sido mais originais.
Bernardo: O grande clássico do Led, daqueles discos que, como dizem, são tão bons que parecem uma coletânea. Muito além do já manjado clássico “Stairway to Heaven”, o álbum mostra como a banda, dentro de um curso espaço de tempo, partiu do simples blues rock pesado para um som tão elétrico quanto etéreo, abraçando outros instrumentos, outras estruturas e se metendo em deliciosas viagens musicais, seja na leveza delicada de “The Battle of Evermore” ou nos hipnóticos sete minutos de “When The Levee Breaks”, com uma performance impressionante do saudoso Bonzo. A dobradinha de abertura com “Black Dog” e “Rock and Roll” não só é explosiva como irresistível. O disco que fez do Led Zeppelin o que é para o grande público, apesar de ainda não considerá-lo o melhor deles.
Bruno: IV “sofre” do mesmo fenômeno que vários outros discos, que são celebrados por crítica e público e ganham certo status de intocável, às vezes por conter os maiores hits ou clássicos da banda em questão. No caso, representados por “Black Dog”, “Rock and Roll” e a superestimada “Stairway to Heaven”. IV é o disco que eu menos gosto entre os seis primeiros do Led Zeppelin, mas está longe de ser ruim. É talvez o mais polido e que junta hard rock, blues elétrico e o folk dos trabalhos anteriores. É sim um clássico do gênero, apesar de não figurar entre os meus preferidos da banda, mas não colocaria no topo da lista de 1971.
Davi: Indiscutivelmente um clássico, não apenas do Led, mas do rock. A abertura com “Black Dog” é algo que empolga qualquer ouvinte, dos 10 ao 60 anos, não importa quantas vezes você tenha escutado esse disco. “Rock and Roll” é um verdadeiro hino e traz um dos solos de bateria que todo baterista tenta fazer, acha que está certo e não está tocando nem metade do que realmente é. Prova disso foi a interpretação ridícula que o Almah e o Hibria fizeram juntos no Rock in Rio 2013. O solo de guitarra de “Stairway to Heaven” é outro absurdo e “The Battle of Evermore” é simplesmente perfeita.
Diogo: Antes que meus colegas se adiantem e questionem a ausência deste clássico na minha lista pessoal, é bom frisar que ele chegou a fazer parte dela, mas acabou ficando na 11ª posição no ano de 1971. Sou acometido por uma severa dúvida ao precisar escolher meu favorito da banda entre II (1969) e IV, mas atualmente tenho ficado com este último, mais maduro e extremamente seguro de si, com a liberdade de quem, apesar da curta carreira, já havia alçado voos altíssimos e se libertado de quaisquer amarras criativas. Não importava o terreno no qual o Led Zeppelin pisava: poderia ser no sólido chão essencialmente roqueiro, explorado com galhardia nas clássicas “Black Dog” e “Rock and Roll”; no levemente escorregadio solo acústico, já experimentado em III (1970) com êxito e aqui trilhado na belíssima “Going to California” e em “The Battle of Evermore”; ou mesmo no tortuoso caminho dos épicos, o resultado sempre era excelente, vide uma das mais conhecidas canções da história, “Stairway to Heaven”. O restante do disco segue no mesmo nível, destacando a grandiosa “When the Levee Breaks”.
Fernando: Não tem muito o que falar deste álbum que já não tenha sido dito. O disco tem não só talvez o maior hino da história do rock, mas também tem “Black Dog”, “Going to California”, “The Battle of Evermore”… Além disso, eles foram peitudos o suficiente para chamar uma música de “Rock and Roll”, e alguém pode dizer que ela não teria mérito suficiente para resumir o estilo todo? Muitos podem ter outros discos do Led como seus preferidos, isso é normal em se tratando de uma banda com tamanha capacidade, mas em IV o Led abusou.
Mairon: Eu fico imaginando como deve ter sido quando Four Symbols chegou às lojas. Imagine a sensação de se deparar com uma capa onde nem nome da banda nem título do álbum havia, comprá-lo, saber que é do Led Zeppelin pelo encarte e se deparar com músicas essenciais na discoteca de qualquer ser vivo no mundo. Em um ano em que o progressivo começou a dar passos maiores (tanto que temos cinco álbuns do estilo entre esses dez melhores), o Led decidiu continuar suas incursões pela música folk. Acho estranho que os mesmos que  reclamam de Led Zeppelin III acabem venerando o álbum que foi apelidado de IV. A parte acústica está impecável. “Going to California” é de arrepiar os cabelos do sovaco, e o dueto de Robert Plant com Sandy Denny em “The Battle of Evermore” é de fazer girarmos pela sala com o contraste de suas vozes. “Four Sticks” é uma tremenda brincadeira que John Bonham criou nos estúdios e acabou dando muito certo. Por outro lado, a pancadaria pega em “Black Dog”, uma continuação instrumental para “Out on the Tiles”, “Rock and Roll”, uma das canções mais clássicas da banda – e quem nunca levantou os dedos e imitou a guitarra de Page que jogue a primeira pedra -, e a viajante “When the Levee Breaks”, com Plant solando na gaita com um fôlego de um tigre. “Misty Mountain Hop” é uma estranha no ninho, com os teclados de Jonesy chamando a atenção, mas também mantendo o alto nível do álbum. Por fim, a mescla de todas as canções do álbum em uma única canção, uma das melhores de todos os tempos: “Stairway to Heaven”. Apesar da acusação de plágio em relação a “Taurus”, do Spirit, é inegável que mesmo que isso tenha acontecido com a introdução, o resto é de uma inquestionável genialidade. O crescendo da música, com o jogo de luz e sombra que Page sempre destacou em suas canções, aparece perfeitamente, partindo de um momento acústico, com um lindo arranjo de John Paul Jones, as linhas vocais de Plant, a suavidade de Bonham durante a ponte que leva para o bombástico final, com talvez o melhor solo de guitarra de todos os tempos, não podem ser desprezados por uma introdução chupinhada. Me alonguei demais, mas esse é um disco fantástico, que merece muito mais que palavras, e que foi superado na carreira do Led apenas quatro anos depois, com o melhor disco da história. Melhor: pegue e ouça do início ao fim, e depois comente aqui o que achou.
Micael: Um clássico acima de tudo e o melhor disco do Led. Um álbum em que as mais “fracas” são “Four Sticks” e “When The Levee Breaks”, e no qual a “pior” canção de um dos lados (no caso, o A) é “The Battle of Evermore”, tem de ser reconhecido como, no mínimo, genial! Primeiro lugar merecidíssimo!
Ronaldo: Acredito que, até mesmo na época de seu lançamento, era fácil visualizar que se tratava de uma banda no ápice criativo. Um gigante que caminhava sobre a Terra. Cada música tem uma personalidade própria neste álbum enigmático, sem nome. E seu sucesso é um reflexo de que o público é ávido em deglutir toda a sorte de música elétrica ou acústica, intensa ou suave, desde que feita com honestidade e inspiração. É o que o Led Zeppelin nos reservou para 1971. Lugar mais do que merecido e representante típico desse ano peculiar, em que quase se equilibrou a equação do rock visceral com a experimentação e a liberdade criativa, da música pra sacolejar as cadeiras e pra fazer a cabeça.
Thiago: Quando você olha os trabalhos e as bandas que ficaram para trás nessa lista, já tem uma dimensão do que Led Zeppelin IV representou e representa para a música. Porém, o disco é bem mais representativo e expressivo do que o simples fato de ser imensamente popular enuncia: é um álbum intenso, bonito, impactante, hipnótico, folk, rock, hard rock, blues. Tudo isso e certamente muito mais.

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Yes – Fragile (90 pontos)
Adriano: Um dos melhores discos da banda, contando com alguns dos maiores clássicos do progressivo, como as inesquecíveis “Roundabout” e “Mood for a Day”. A meu ver, o diferencial desse disco em relação aos anteriores não é a entrada de Rick Wakeman (que não fez lá nenhum trabalho absurdo de bom), mas a evolução de Steve Howe, que já tinha feito um bom trabalho no Yes Album (1971), mas aqui mostrou que podia ser de fato o melhor guitarrista do rock mundial. Além das duas que mencionei, destaco “We Have Heaven” e “South Side of the Sky”, esta um hard rock que as bandas de hard rock jamais seriam capazes de fazer.
Bernardo: Qualquer disco que tiver a maravilha “South Side of the Sky” já não se pode desconsiderar fora de uma lista de melhores dos anos 1970. Mas, veja só, o álbum já começa com “Roundabout”, um clássico absoluto que desde a primeira audição pôs para mim o Yes como um dos grandes candidatos ao trono do rock progressivo. Para fechar com chave de ouro, a última música do álbum é “Heart of the Sunrise”. O punch e as variações do Yes tornam o disco uma experiência fascinante, como todos os seus grandes álbuns clássicos o são.
Bruno: Já tentei, já ouvi Yes incansáveis vezes, mas não adianta. É uma das bandas que não fazem minha cabeça de jeito nenhum.
Davi: Um dos meus álbuns favoritos do Yes. Todas as influências foram utilizadas na medida certa. Do folk ao pop. Canções com instrumental extremamente elaborado, mas ainda assim repletas de melodia. “Roundabout” é simplesmente perfeita, assim como “Long Distance Runaround” e “South Side of the Sky”. Trabalho essencial para qualquer fã de rock que se preze.
Diogo: No fantástico The Yes Album o quinteto havia desabrochado de vez, encontrando sua sonoridade e destacando-se com pujança em meio ao fervilhante cenário progressivo britânico. Os músicos tornaram-se, acima da sua assombrosa capacidade como instrumentistas, capazes de levar a cabo exuberantes composições em que todo esse talento não soava como autoindulgência, mas como um elemento indissociável das fantásticas canções criadas pelo grupo. Em Fragile, essa capacidade subiu mais um degrau, ajudando a cunhar clássicos deliciosamente complexos mas ainda assim recheados de melodias acessíveis, vide a estupenda “Roundabout”. “South Side of the Sky” não fica para trás e ainda por cima adianta a sonoridade um tanto mais visceral que seria praticada pela banda anos depois, especialmente em Drama(1980). A delicadeza de “Long Distance Runaround” contrasta com a introdução monstruosa de “Heart of the Sunrise”, que remete ao fato do virtuosismo dos músicos ser algo perfeitamente encaixado no contexto da arte levada a cabo pelo quinteto. Mesmo as faixas dedicadas a momentos solos não destoam, ajudando a compor um panorama privilegiado, destacando o guitarrista Steve Howe, o baixista Chris Squire e, principalmente, meu baterista favorito, Bill Bruford.
Fernando: Apesar de preferir The Yes Album, também lançado nesse ano, Fragile é um dos meus preferidos. “Roundabout”, com o baixo marcante e pulsante de Chris Squire, é provavelmente o maior single do progressivo. Apesar de complexa e trabalhada, tem um apelo que não se conseguia facilmente para os músicos do estilo.
Mairon: A entrada de Rick Wakeman no Yes levou o grupo para um patamar superior aos demais. Somente o Led conseguia se comparar à banda a partir de 1971, e isso reflete-se nessa lista, com os dois álbuns dessas bandas nas duas primeiras colocações.Fragile é o quarto disco do grupo, e é a primeira tentativa do Yes em mostrar as qualidades individuais de cada membro. Assim, temos momentos estranhos em solos, como “Five Per Cent for Nothing” (Bill Bruford) e “We Have Haven” (Jon Anderson). “Cans & Brahms” (Rick Wakeman) fica no meio dessas duas e das incríveis “Fish (Schindleria Praematurus)” (Chris Squire) e “Mood for a Day”, um emocionante solo ao violão clássico de Steve Howe, mostrando que nem só do virtuosismo de “The Clap”, apresentada no mesmo ano em The Yes Album, o melhor guitarrista do progressivo vivia. “Long Distance Runaround” e “Roundabout” viraram clássicos e são as últimas sombras da fase mais pop do grupo, mescladas sutilmente com o progressivo. O bicho pega em “Heart of the Sunrise”, a introdução mais assustadora que o rock progressivo já apresentou, mostrando como guitarra, baixo e bateria podem soar como um único instrumento, e uma guinada inesperada para Anderson mostrar suas qualidades vocais. Por fim, “South Side of the Sky” é o embrião de “Awaken” (presente em Going For the One, de 1977), com Wakeman exibindo-se ao piano, mas com uma diferença, a guitarra de Howe, que soa forte em escalas velozes, furiosas e perfeitamente encaixadas nas batidas inventadas pela mente incrível de Bruford. Era apenas o início de um período de seis anos nos quais o Yes foi a melhor banda do mundo, e um monstro musical que, na minha opinião, só foi superado em 1971 pelas explorações espaciais de Flying (UFO). É ouvir do início ao fim, assim como o primeiro colocado.
Micael: Item essencial do progressivo, mas não esqueçamos que possui apenas quatro (ótimas) faixas, sendo as demais momentos solos (quase todos excelentes) dos integrantes. Poderia ser mais forte, e é inferior a Close to the Edge (1972) na discografia do grupo, mas, mesmo assim, é muito acima da média!
Ronaldo: Em Fragile, o Yes consegue soar complexo e muito cativante. O único detalhe que arranha o status desse lançamento são as pequenas vinhetas individuais, que quebram a continuidade das quatro músicas coletivas do conjunto. Ali o Yes demonstra a maestria musical a serviço de boas composições, que passam anos-luz de serem óbvias sob qualquer ótica. Ainda que nas vinhetas se destaquem o solo do fantástico baixista Chris Squire e as vozes sobrepostas de Jon Anderson, o valor deFragile reside no poder mítico e hipnótico das construções do Yes, perfeitamente representada nos universos lúdicos do artista gráfico Roger Dean.
Thiago: A combinação primorosa de estilos feita pelo Yes, em inúmeros discos e principalmente em Fragile, sempre me agradou, assim como no caso do Led Zeppelin. Aqui, porém, o que se vê é uma mescla de progressivo, pop, folk, rock, música clássica, etc, com uma abordagem mais elaborada e menos visceral do que a de Robert Plant, Jimmy Page & cia.  O melhor de tudo é que, em Fragile, o Yes consegue ser grandioso e complexo, sem soar pretensioso ou autoindulgente.

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The Who – Who’s Next (77 pontos)
Adriano: Melhor álbum do Who. As faixas mais conhecidas e amadas podem ser a calma e boazinha “Behind Blue Eyes” e as pauladas “Baba O’Riley” e “Won’t Get Fooled Again”, essas sim dois petardos, mas os reais clássicos do disco são a paulada-mor “Bargain” e a arrasadora de corações “The Song Is Over”, melhor música da carreira da banda.
Bernardo: A banda mais esporrenta do mainstream inglês fazendo rock de arena? Pois é. É fez bem demais. Sintetizadores, violinos e piano trouxeram uma faceta até então nova para o paredão sonoro do The Who. Com inspirações épicas, Who’s Next explode por pouco mais de 40 minutos nas caixas de som andando tanto pelas baladas singulares da banda – sempre com seus refrões impactantes, caso de “Bargain” e “Behind Blue Eyes” – quanto pelos hinos “Baba O’Riley” e “Won’t Get Fooled Again”, que, respectivamente, abrem e fecham um disco irretocável. Destaque também para a capa, deliciosamente provocante e rebelde, como se tivessem acabado de mijar no próprio monumento que construíram e perguntassem o que vem a seguir.
Bruno: O The Who foi a banda mais barulhenta dos anos 1960. Com Tommy (1969), eles provaram também sua qualidade na composição. Em Who’s Next foi que a banda atingiu seu auge, com as canções certeiras de Towshend sustentadas pelo instrumental poderoso do grupo. “Baba O’Riley” e “Won’t Get Fooled Again” são aulas de como se usar um sintetizador.
Davi: Existem duas bandas de rock que acho que todo baterista deveria parar para escutar com o máximo de atenção possível. Uma é o Led Zeppelin. Outra é o The Who. Todos falam das composições de Pete Townshend (que realmente são sensacionais), mas o que Keith Moon fazia era inacreditável. Os caras tinham a ingrata missão de manter o nível conquistado em Tommy (1969) e não fizeram feio. Os clássicos “Baba O’Riley” e “Won’t Get Fooled Again” falam por si. Outro trabalho essencial.
Diogo: O The Who já havia mostrado que era uma banda diferenciadíssima comTommy (1969), deixando claro que, por trás de toda a visceralidade do quarteto, havia muita inteligência e capacidade de surpreender público e crítica. Ao invés de tentar repetir a fórmula e entregar um álbum conceitual ainda mais excitante, a turma liderada por Pete Townshend fez ainda melhor: reinventou-se para a década de 1970 e produziu um disco recheado de pauladas únicas, sem conexão direta umas com com as outras, mas poderosíssimas em suas peculiaridades. Fazendo uso sapientíssimo de elementos anteriormente externos à música do grupo, especialmente de sintetizadores, o quarteto apresentou em Who’s Next a melhor coleção de faixas de sua carreira, alternando entre o ótimo e o fantástico, caso das clássicas com justiça “Baba O’Riley”, “Behind Blue Eyes” e “Won’t Get Fooled Again”, mas também da avassaladora performance em “Bargain” e de “The Song Is Over” e “Getting in Tune”. Destaco ainda a letra de “Won’t Get Fooled Again”, interpretada erroneamente por muitas pessoas.
Fernando: Talvez o mais aclamado album do The Who, mesmo que eu ainda prefiraTommy. “Baba O’Riley”é uma daquelas músicas que me faz ter orgulho em dizer que gosto de rock ‘n’ roll. Não dá para imaginar alguém que não admire uma canção assim. O cover de “Behind Blue Eyes” feito pelo Limp Bizkit acabou fazendo muita gente torcer o nariz até para a versão original, mas a essa música é linda! Até um blues/country encontramos no álbum em “Love Ain’t For Keeping”. Essencial!
Mairon: É curioso como meus colegas consultores gostam de The Who, mas temos poucas resenhas da banda. Eu sou um grande fã do grupo e estou cada vez mais tomando coragem para destrinchar a longa discografia de Pete Townshed e cia. na nossa seção Discografias Comentadas. A inclusão de Who’s Next é justa entre os dez melhores. Apesar de não ter entrado entre os meus 60 finais, o disco é muito bom. Talvez o mais equilibrado dos álbuns do The Who, sendo impossível não destacar preciosidades como “My Wife” e “Won’t Get Fooled Again”. Acho que a comparação comLed Zeppelin III é totalmente descabida. III é um registro muito superior, criado por um grupo que estava em um momento fantástico. Who’s Next é um disco inspiradíssimo, mas sem a mesma poesia e melodia do álbum do Led. Enfim, apósTommy, o The Who fez um ótimo disco e ficou dois anos cozinhando aquele que considero sua obra-prima: Quadrophenia (1973). Este terceiro colocado é o meio-de-campo da trilogia essencial da banda.
Micael: Bastante surpreendente este disco na terceira posição. Apesar das ótimas “Baba O’Riley”, “Behind Blue Eyes” e “Won’t Get Fooled Again”, e das medianas “Bargain” (lembrando os primeiros tempos do grupo), “My Wife” e “The Song Is Over”, não é um álbum que chame muito a minha atenção. Mesmo assim, é The Who ainda no auge de suas capacidades criativas, o que é sempre garantia de um ótimo registro!
Ronaldo: Uma guinada fantástica rumo a uma musicalidade mais ampla e maiores possibilidades sonoras com a inclusão dos teclados fez com o que o The Who lançasse seu melhor trabalho em 1971. Um acaso do destino fez com o que o disco não fosse mais uma obra conceitual do guitarrista Pete Townshed, e, para alegria da nação, a inspiração geral da turma estava em alta. Uma performance de alta octanagem.
Thiago: Não sou o maior fã de The Who do mundo. Longe disso. Ainda assim, vejo na discografia da banda algumas obras praticamente inquestionáveis, de se ouvir de cabo a rabo, sem saltar uma faixa, um segundo sequer. Who’s Next é uma dessas obras-primas. Uma banda criativa, explodindo de energia, boas ideias e musicalidade. Adoro as composições mais conhecidas – “Baba O’Riley”, “Won’t Get Fooled Again” e “Behind Blue Eyes” -, assim como “Bargain”, “The Song Is Over” e “My Wife” (e sua letra sensacional). Para mim, este disco marca uma evolução muito grande na trajetória do grupo.

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Black Sabbath – Master of Reality (76 pontos)
Adriano: Mais um disco mediano dessa banda mediana. Desculpem os fãs, mas não percebo nada aqui que salte aos ouvidos como muito bom.
Bernardo: Antes do Black Sabbath cair de cabeça na psicodelia em Vol. 4 (1972) eSabbath Bloody Sabbath (1973), temos um dos discos mais pesados à época. Iommi colocou aqui alguns dos seus riffs mais pesados. Junto a isso, cresceram os temas políticos, como nas pauladas “Children of the Grave” e “Into the Void”, e existenciais, como “After Forever” e “Lord of this World”. Em um álbum massacrante quase o tempo inteiro, o único pé no freio fica por cortesia de “Solitude”, uma melancólica balada das mais depressivas do Black Sabbathm, que acaba complementando o opressivo clima geral de desolação. Interessante observar que, enquanto o Led Zeppelin apostava nas texturas, o Sabbath explorava como ninguém o volume. O resultado é um esporro heavy que a música pesada posteriormente, sufocada por regras e horizontes, dificilmente igualaria.
Bruno: Simplesmente meu disco favorito do Sabbath. Em seu terceiro trabalho, a banda deixou o som ainda mais encorpado, com riffs musculosos e certa dose de psicodelia que hoje são uma verdadeira referência para o chamado stoner rock. É provavelmente o disco mais pesado dos maloqueiros de Birmingham.
Davi: Mais um belo trabalho do grupo que é considerado o pai do heavy metal. Neste terceiro LP, seguem adiante com sua velha fórmula. Ora mais na cara, ora mais arrastado, mas sempre pesado e preciso. Tony Iommi rouba a cena mais uma vez com ótimos riffs que se casam com perfeição com o estilo único de Ozzy Osbourne. Simplesmente mágico. “Sweet Leaf”, “After Forever”, “Into The Void” e “Children of the Grave” são os destaques.
Diogo: Master of Reality é o melhor disco da banda que é a responsável por eu estar escrevendo estas linhas, por eu ser colaborador deste site. Trata-se do ápice do grupo que mudou minha vida para muito melhor, fazendo com que eu me tornasse um ávido ouvinte de música e me aprofundasse tanto na obra de meus artistas favoritos. A verdade é que, mesmo que toda essa carga emocional fosse completamente deixada de lado, este álbum ainda estaria ocupando o topo de minha lista pessoal, dada a absurda sequência de clássicos que, ao menos para quem tem um mínimo amor pela música pesada, são indiscutíveis. Todas as canções presentes em Master of Reality, em algum momento de minha vida, receberam atenção mais que especial. Nos primórdios, foi “After Forever” que impressionou o recém adolescente, soando como algo de outro planeta para meus ouvidos pouco acostumados com algo tão arrebatador. Hoje em dia, é “Into the Void” que ocupa posição de protagonismo, causando espanto o fato de uma música com 42 anos ainda soar tão absurdamente pesada. Entre elas, “Children of the Grave” ainda permanece como séria candidata ao trono de melhor obra cunhada pelo Black Sabbath, sem esquecer das também acachapantes “Sweet Leaf” e “Lord of This World”, além da surpreendente singeleza de “Solitude”. Apesar de Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Bill Ward realizarem um trabalho magnífico no álbum, a cada dia fica mais claro quem é o grande nome não apenas nas suas oito faixas, mas em toda a concepção da sonoridade do grupo: Tony Iommi. Fico imensamente feliz de poder tê-lo visto em outubro, na passagem da banda pelo Brasil.
Fernando: Se nos dois primeiros discos o Sabbath era apenas uma curiosidade pelo som diferente do que estava rolando na época, em Master of Reality a banda se consolidou. Este é o álbum mais pesado do Black Sabbath, e só foi superado muito tempo depois, mesmo com a leveza de “Solitude” Mas lembrem-se que temos “Sweet Leaf”, “After Forever” e “Children of the Grave”.
Mairon: Esse foi o décimo segundo de minha lista. Saiu na última hora para dar lugar ao maravilhoso The Call, de Mal Waldron, e ficou ainda atrás do incrível Islands (King Crimson). O Black Sabbath fez seu verdadeiro disco de heavy metal em 1971, com petardos assustadores como “After Forever”, “Children of the Grave”, “Into the Void”, “Sweet Leaf” e a pancada “Lord of this World”. Ainda há espaço para a linda experimentação de “Solitude” e as curtas, mas bonitas, vinhetas de “Orchid” e “Embryo”. Como toda a fase com Ozzy nos vocais, um disco fantástico.
Micael: Para mim, o melhor disco do Sabbath. “After Forever” talvez seja minha música favorita da banda, pau a pau com “Into the Void”. O resto do track list é excelente, mesmo interlúdios como “Embryo” ou “Orchid”. E o que dizer de algo tão singelo quanto “Solitude”, que só demonstra a capacidade criativa e de fugir da mesmice que o quarteto de Birmingham possui? Merecia ter ficado no pódio, com certeza!
Ronaldo: Um disco excelente prejudicado por uma produção pobre. A guitarra de Iommi soa ainda mais pesada, mas o baixo e a bateria nem de longe lembram aquela cozinha possante e vibrante do primeiro disco do grupo. Tudo soa muito abafado. As músicas, são ótimas. Ainda mais violentas e densas, são praticamente um tapa na orelha.
Thiago: O Black Sabbath é outro grupo clássico do qual não sou exatamente um fã número um. A voz de Ozzy Osbourne é a cara da banda… E raramente me agrada. De qualquer maneira, gosto de Master of Reality, principalmente pelos riffs e as afinações de Tony Iommi. Este álbum é absurdamente influente e já naquela época se focava em uma busca que se concretizou claramente anos depois no heavy metal: a busca por soar o mais pesado possível. O Black Sabbath sabia como fazer isso e Tony Iommi era quem mostrava o caminho. “Sweet Leaf”, “Children of the Grave” e “Into the Void” me agradam muito, e acho “Solitude” lindíssima.

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The Rolling Stones – Sticky Fingers (69 pontos)
Adriano: Este nunca foi dos meus discos favorites dos Stones, mas à medida que o tempo foi passando, fui aprendendo a gostar dele sempre mais. Se a agitada “Brown Sugar” e o arremedo de country “Dead Flowers” sempre foram músicas que amei, só depois de muito tempo percebi o quanto eram lindas a comovente “Sway” e a empolgante “Can’t You Hear Me Knockin’”, com seu fantástico groove. O restante do disco traz uma série de canções todas bem distintas entre si, todas variando entre o bom e o ótimo.
Bernardo: O momento em que os Stones se firmaram como a grande banda de rock ‘n’ roll do planeta, com os predecesorres Beggars Banquet (1968) e Let It Bleed(1969) e o sucessor Exile on Main St. (1972). Sticky Fingers faz parte dessa sucessão maravilhosa e riquíssima na qual a banda, mais pirada do que nunca, passeou por tantos gêneros nesses quatro discos – os ingleses fizeram quase uma historiografia da música norte-americana em disco. Aqui, com músicas do naipe de “Brown Sugar”, “Wild Horses”, “Bitch” e “Can’t You Hear Me Knocking”, os Rolling Stones no auge provaram que ninguém soube mexer com o gênero que trabalham de forma tão consciente e inteligente e, ao mesmo tempo, com tanto feeling.
Bruno: Uma obra-prima monstruosa. Sticky Fingers representa o auge de Mick Taylor, o guitarrista mais subestimado dos Stones, sempre ofuscado por Ron Wood e Brian Jones. Um disco perfeito que abre com o rockaço bem stoniano “Brown Sugar” e já emenda as baladas “Sway” e “Wild Horses”, pra trincar o coração. Na sequência vem “Can’t You Hear Me Knocking”, cuja famosa jam não estava prevista, e todo o improviso da banda foi registrado após o fim do take e acabou saindo na versão final. O bluezão “You Gotta Move” fecha um lado A impecável e o lado B não fica atrás, com a maravilhosa trinca “Bitch”, “I Got the Blues” e “Sister Morphine”.
Davi: Mais um excelente álbum do grupo de Jagger e Richards, talvez a banda com mais tempo de estrada no rock. Primeiro álbum de inéditas sem contar com o guitarrista Brian Jones, tido por muitos como a alma criativa dos Stones. A segunda guitarra ficou por conta de Mick Taylor. Os caras fizeram bonito e entregaram um LP inspiradíssimo com várias canções que até hoje estão entre as preferidas de seus fãs, como “Brown Sugar”, “Wild Horses” e “Dead Flowers”. Clássico!
Diogo: Como igualar seus antecessores, os fantásticos Beggars Banquet (1968) e Let It Bleed (1969)? Soltando mais um álbum recheado de canções que brotavam do cérebro, do coração e dos bagos! Confirmando a primorosa fase, os Rolling Stones ofereceram em Sticky Fingers mais uma coleção de faixas memoráveis, que marcaram época e até hoje soam jovens, como as suavemente balançantes “Brown Sugar”, “Bitch” e a excelente “Dead Flowers”. Mick Taylor entrelaça sua maneira de tocar com a de Keith Richards de maneira admirável, formando uma das melhores duplas das seis cordas que já existiram. Sou suspeitíssimo para falar de “Wild Horses”, que já havia sido registrada um ano antes pelo The Flying Burrito Brothers, mas a verdade é que ela talvez seja minha música favorita da banda.
Fernando: Apesar de ter como preferido Exile on Main St. (1972), acho que Sticky Fingers é o mais adequado para um iniciante na banda. A capa da versão original em LP vinha com um zíper que riscava uma das faixas. Muita gente tem esse disco da época, mas poucos têm o álbum intacto. Se tiver que citar destaques ficaria com “Brown Sugar”, “Wild Horses” e “Sister Morphine”.
Mairon: O último grande disco dos Rolling Stones, encerrando uma sequência incrível que havia começado cinco anos antes com Aftermath (1966). Sempre tenho dúvidas de qual é o melhor LP dos Stones, esse ou Their Satanic Majesties Request (1967), pois a qualidade de ambos é muito alta, apesar da discrepância musical entre eles. Se o último é uma aula de psicodelia, Sticky Fingers é o atestado de como os Stones ainda eram a banda capaz de fazer rock ‘n’ roll com bom gosto. O lado A é impecável, desde o petardo “Brown Sugar”, passando por “Sway” e o viajante clima de “Can’t You Hear Me Knocking”, um delírio musical mostrando toda a capacidade de improvisação de Richards e cia. Complementam o lado A o bluesão de “You Gotta Move” e uma das melhores baladas de todos os tempos, “Wild Horses”. Jamais beatle algum compôs algo tão lindo quanto essa canção. O lado B nem precisava existir, mas ele existe e traz “Bitch”, “Dead Flowers” e “Sister Morphine” como obras primas, além das também essenciais “I Got the Blues” e “Moonlight Mile”. Letras sujas, guitarras rasgadas, outro grande disco para se ouvir do início ao fim, e deixar escorrer pelas veias a efervescência musical expelida pelos sulcos do vinil.
Micael: Pessoal aqui tem paixão pelos Stones, não é mesmo? Este tem “Brown Sugar”, “Wild Horses” e “Sister Morphine”, mas, para os meus ouvidos destreinados, é mais do mesmo em termos de Stones, banda que nunca foi muito do meu agrado. Passo!
Ronaldo: Disco embalado de uma fase ótima para a banda, não exatamente no aspecto dos negócios ou do relacionamento interno, mas do tal tripé sexo, drogas e rock n’ roll em doses cavalares. Não há muito meio de defini-lo. São os Rolling Stones cada vez mais seguros de si próprios, de papo pro ar e ganhando de goleada.
Thiago: “Sticky Fingers” é uma das expressões mais categóricas do que são os Rolling Stones enquanto banda. rock ‘n’ roll, blues, soul, não necessariamente inovador, mas eficiente, direto ao ponto e executado com muita pegada e vivacidade. Mick Jagger e Keith Richards têm performances incríveis neste álbum. Grande trabalho. Aqui, porém, sinto que os dois grandes hits são efetivamente os maiores destaques do disco: “Brown Sugar” e “Wild Horses”. Apesar de músicas como “Bitch”, “I Got The Blues” e “Can’t You Hear Me Knocking” merecerem menções e honras também.

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Van Der Graaf Generator – Pawn Hearts (56 pontos)
Adriano: Segundo melhor disco do grupo, um clássico diferenciado em meio às bandas progressivas inglesas. Com uma sonoridade mais sombria e angustiante, o Van der Graaf Generator traz três longos e belos clássicos neste álbum. “Lemmings” é apenas boa, mas a tocante “Man-Erg” e a suíte suprema “A Plague of Lighthouse Keepers” são dois dos maiores clássicos da história do estilo. Todos os integrantes atuam sem virtuosismo, mas de maneira genial, porém destaco a performance de Hammil no vocal, bem mais urgente e agressivo que nos álbuns anteriores. Imperdoável desconhecer esse disco.
Bernardo: Gostei mais de “Man-Erg” do que das outras duas, que já me fugiram à memória completamente. Definitivamente não me pegou tanto assim, além de considerá-lo um disco não tão essencial desse ano quanto o clássico do glam Electric Warrior, do T. Rex, e a obra-prima do funk Maggot Brain, do Funkadelic.
Bruno: Não ouvi.
Davi: Está aí um grupo que, embora seja idolatrado por muitos, nunca chamou minha atenção. Nada a comentar sobre este disco.
Diogo: Ver Pawn Hearts em posição privilegiada nesta lista é, de longe, uma das experiências mais gratificantes desde que idealizei esta série. Longe de ser um disco de simples absorção, o mais genial trabalho do Van Der Graaf Generator revela surpresas a cada audição de suas catárticas três longas faixas. Para ouvi-las, recomendo desligar-se de todos os aparatos que distraem nossa atenção e liberar a mente do cotidiano, entregando-se completamente à audição de “Lemmings” e “Man-Erg”, potencializando assim a compreensão da angústia presente em tão magníficas canções. Em relação a “A Plague of Lighthouse Keepers”, sugiro ainda luz baixa, ideal para que nossa mente possa ser transportada ao estado de isolamento e solidão transmitido por essa longa faixa, que é uma das mais fortes razões para que o rock progressivo desperte tão acaloradas paixões. Recomendo também a leitura desse artigo sobre a canção, escrito pelo colaborador Marco Gaspari.
Fernando: Um dos pilares do progressivo inglês, mas não tão conhecido pelo grande público. Apesar do virtuosismo não ser a marca da banda como é em outras do estilo, eles conseguem criar faixas longas, complexas e cheias de emoção, e Pawn Hearts é o exemplo perfeito disso.
Mairon: Mas que baita surpresa Pawn Hearts aqui. Esse é simplesmente O DISCO de Peter Hammill, com a colaboração de Hugh Banton, Guy Evans e David Jackson. As duas canções do lado A (“Lemmings” e “Man-Erg”) são torpedos lançados por submarinos carregados de dramaticidade, com os teclados fantasmagóricos de Banton e os solos viajantes de Jackson intercalados com os acompanhamentos quebrados de Evans, e aquela voz incrivelmente arrepiante de Hammill. Mas é o lado B do álbum que arranca as lágrimas dos ouvintes, com a maravilhosa “A Plague of Lighthouse Keepers”, que abre um quinteto essencial das suítes progressivas ao lado de “Echoes” (lançada em Meddle, do Pink Floyd, no mesmo ano, e injustamente fora dessa lista), “Close to the Edge” (Yes, álbum de mesmo nome), “Supper’s Ready” (Genesis, Foxtrot, 1972) e “Karn Evil 9″ (Emerson Lake & Palmer, Brain Salad Surgery, 1973). Porém, na minha opinião, o Van der Graaf Generator estava muito acima do ELP e também do King Crimson, sendo muito menosprezado pelos ditos apreciadores de rock progressivo. Ainda viriam Godbluff (1975) e Still Life (1976) antes do grupo começar a perder forças para o punk rock, mas ainda bem que a banda segue viva até hoje, mostrando um pouco da genialidade que começou com esse fantástico disco. Ah, e a versão norte-americana tem a fantástica “Theme One”, única canção do Van der Graaf Generator a não contar com Hammill em nenhum instrumento ou vocais, e é uma sonzeira capaz de fazer qualquer banda metálica curvar-se com o peso de saxofone, órgão e bateria. OUÇA NO VOLUME ALTO!!!
Micael: Já tentei, e muito, gostar do Van Der Graaf Generator, mas acho que meu cérebro deve ser muito limitado para conseguir absorver todas as nuances da sonoridade do grupo. O lado B deste disco, “A Plague of Lighthouse Keepers”, é incensado e adorado por todo admirador do então quarteto, mas não me toca nem me emociona. O problema deve ser comigo, admito, mas não curto não. O que posso fazer?
Ronaldo: Um disco perturbador, caótico, confuso e de difícil assimilação. Aquele terreno fértil para a experimentação germinou sementes como a do Van der Graaf Generator, com sua música multidimensional em que não estava presente o virtuosismo como fundamento, de forma tão rebuscada quanto em outros lançamentos do gênero progressivo, mas de uma forma bem “sui generis”, que o torna um tipo de lançamento e escola sonora na base do “ame-o ou odeie-o”. Eu estou no primeiro grupo.
Thiago: Nunca me envolvi muito com a música do Van Der Graaf Generator. Acho grandiosa em inúmeros momentos, linda em tantos outros, bizarra ocasionalmente – geralmente no bom sentido, mas nem sempre. Por vezes, acho as composições deles difusas demais. O fato é que o grupo não me agrada tanto quanto congêneres como King Crimson, Gentle Giant, Yes etc. Talvez muito disso tenha a ver com os vocais de Peter Hammill, que não me caem tão bem quanto os dos vocalistas das outras bandas citadas. Contudo, não há como negar o talento desses músicos e Pawn Hearts é uma amostra de uma série de qualidades facilmente reconhecíveis: versatilidade, originalidade, técnica apurada, extrema habilidade e criatividade como compositores. Ocasionalmente, sinto que exageram um pouco e perdem a mão… Especialmente na segunda parte do disco, “A Plague of Lighthouse Keepers”. “Man-Erg”, por outro lado, me parece perfeita. Irretocável. “Lemmings” não fica longe disso também.

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Jethro Tull – Aqualung (55 pontos)
Adriano: A banda já vinha lançando ótimos discos, compilando várias belas canções que misturavam o folk inglês com o hard rock, gerando um som que só poderia ser identificado, no rock, com a vertente progressiva. Aqui, o resultado foi o mais perfeito. Além das clássicas “Aqualung”, “Cross-Eyed Mary” e “Locomotive Breath”, o disco conta com as maravilhosas “My God” (minha predileta), “Hymn 43” e “Wind Up”, além de várias boas canções.
Bernardo: Folk, hard e progressivo. É essa fusão tão fluida e natural arquitetada por Ian Anderson que torna Aqualung um disco tão clássico assim. Desde a dobradinha “Aqualung” e “Cross-Eyed Mary” até minha favorita, “My God”. Tantos climas diferentes casados em um álbum absolutamente clássico, que pra mim foi o ápice do Tull, apesar de gostar muito de discos posteriores. Mas jamais foi tão marcante quanto esse álbum aqui.
Bruno: Considero que é diminuir demais o trabalho do Jethro Tull ao rotular a banda apenas como progressivo. Sim, a banda reuniu vários elementos do rock progressivo durante os anos, principalmente em discos como Thick as a Brick, mas o som do grupo vai muito além disso, misturando folk inglês, guitarras pesadas, psicodelia, blues e música celta. Aqualung talvez represente melhor a união de todos esses elementos. Destaque para Martin Barre, guitarrista subestimadíssimo e que figura facilmente entre os melhores dos anos 1970.
Davi: Nunca fui muito fã de Jethro Tull, mas gosto de alguns discos. Este é um deles. Lembro da primeira vez que peguei Aqualung para ouvir entusiasmado pela audição da faixa-título em uma estação de rádio. Devia ter uns 14, 15 anos, por aí. Lembro que a primeira vez que ouvi o CD fiquei um pouco frustrado. Esperava ouvir um disco mais pesadão, no pique daquela música, e encontrei um álbum recheado de momentos calmos, com violões etc. Depois de alguns anos, peguei para ouvir novamente e me surpreendi com a qualidade dos arranjos. Acabei criando uma grande admiração pelo disco. “Cross-Eyed Mary” e “Locomotive Breath” também são muito lembradas entre os fãs.
Diogo: O Jethro Tull tinha tudo para me conquistar facilmente, dada a união de estilos levada a cabo pela turma de Ian Anderson, mas o fato é que, apesar de eu gostar, sim, da banda, ela ainda não me surpreendeu verdadeiramente. Aqualung é o melhor disco do grupo até então (não conheço os posteriores) e revela diversos momentos de peculiar beleza, mas, na soma geral, não são suficientes para que o álbum ostente esta sétima posição. Não posso negar, porém, que se trata de um registro de agradável audição, cujos clássicos merecem exaltação, vide a faixa-título, “Cross-Eyed Mary”, “Mother Goose”, “My God” e “Locomotive Breath”.
Fernando: Conheci o Jethro Tull por conta do cover de “Cross-Eyed Mary” que saiu no single de “The Trooper” (1983), do Iron Maiden, e desse modo foi este o primeiro que ouvi. Se já conhecia “Cross-Eyed Mary” e seria fácil de gostar, foi com o riff acachapante da faixa-título que a banda me fisgou. Não tem como não se render à essa música. Mas daí percebemos que outras também são ótimas e que não existe nada que seja dispensável nesse álbum. Um clássico!
Mairon: Não sei se é o passar dos anos, mas Aqualung chegou a ser um dos meus discos favoritos em todos os tempos. Hoje, eu o acho um bom álbum, e só. Ian Anderson perdeu muita graça para mim depois que ouvi os discos pós-A (1980), e, neste álbum, a insistência em “Locomotive Breath” e a faixa-título me faz sentir um certo desânimo (como ouvir “Smoke on the Water”, por exemplo). Há belíssimas canções como “My God” e “Wind-Up”, e claro que o disco é bom, mas sei lá, falta alguma coisa nele que não me faz ouvi-lo com tanta frequência. Porém, sua sequência (Living in the Past, Thick as a Brick e A Passion Play) é impecável!
Micael: Devo ser um dos poucos que acha este disco pior que o anterior, Benefit(1969). O que não significa que seja ruim, longe disso. Pelo menos dois clássicos imortais (a faixa-título e “Locomotive Breath”), uma canção eternizada pelo Iron Maiden (“Cross-Eyed Mary”), faixas acústicas, outras mais pesadas, e o início do envolvimento do Jethro com sonoridades mais progressivas! Um disco muito acima da média, mas, ao contrário do que julgam alguns, não é, a meu ver, o registro definitivo da banda!
Ronaldo: Mais um grupo que vinha no embalo de bons trabalhos e aqui realmente se encontra no esplendor, potencializando todas as suas qualidades em favor da música. Há magistrais alternâncias entre elétrico e acústico, melodias cândidas e outas mais ásperas. Ian Anderson é o maestro-flautista desse combo, carregando a bandeira de um estilo de rock eminentemente inglês.
Thiago: Obra-prima. Uma das várias na brilhante discografia do Jethro Tull. Para mim, a maior delas, o ápice criativo que se prolongou até Thick as a Brick. A grande banda que se anunciara em discos como Stand Up (1968) acabou se afirmando categoricamente em Aqualung. Vale ouvir do começo ao fim. Um marco na história do rock.

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Gentle Giant – Acquiring the Taste (42 pontos)
Adriano: A banda tinha feito um ótimo trabalho no primeiro disco, mas foi aqui que a coisa ficou séria. O álbum já inicia com dois clássicos absurdamente lindos e inclassificáveis, “Pantagruel’s Nativity” e “Edge of Twilight”, esta com o curiosíssimo “solo” a três de tímpanos, vibrafone e caixa! Na sequência temos a lindíssima – embora menos extravagante – “The House, the Street, the Room”, e o disco já podia entrar em qualquer lista de dez mais que se prezasse! Mas todas as demais faixas são ótimas, com destaque para a funkeada “Plain Truth”. O Gentle Giant utilizava uma riquíssima instrumentação e não deixava muito espaço para virtuosismos particulares, mas prestem bastante atenção à guitarra de Gary Green!
Bernardo: Escutei cerca de metade do disco. Definitivamente, como é o caso do Van Der Graaf Generator, também não consegui simpatizar – além de achar que ocupa a posição de outros mais importantes.
Bruno: O nome deste disco define perfeitamente a sonoridade do Gentle Giant. Apreciar a banda é “um gosto adquirido”. Mas, mesmo assim, este álbum não me agrada.Prefiro a pegada mais urgente do primeiro trabalho e do experimentalismo deIn a Glass House.
Davi: Não é minha praia.
Diogo: Ao contrário de tantas pessoas que têm dificuldades em absorver a exuberante musicalidade do Gentle Giant, fui conquistado com muita facilidade por seus arranjos caprichadíssimos e pelo trabalho de vozes que transcende o humanamente possível. Apesar da complexidade de sua música, muitas melodias irresistíveis dão as caras emAcquiring the Taste; por essa razão, não raro me pego cantarolando as linhas de canções como “Wreck” e “Plain Truth”. Chega a ser triste constatar que, hoje em dia, seria dificílimo que uma banda com semelhante esmero e dedicação à sua arte atraísse tantos admiradores quanto o Gentle Giant dos primórdios. Não me atrevo a citar destaques, dado que o disco nivela-se de maneira impressionante, mas adianto-me ao afirmar que o grupo faria ainda mais bonito no ano seguinte através do primoroso Octopus, seu melhor álbum.
Fernando: Foi minha porta de entrada para o mundo do Gentle Giant. Na época eu já conhecia os medalhões do prog e sempre via os mais experientes tecerem elogios à banda. Claro que eles não estavam errados. Se tivermos que definir o Gentle Giant em poucas palavras, seria “bom gosto”.
Mairon: O Gentle Giant havia lançado um ano antes seu belo disco de estreia, com uma pegada muito mais hard do que prog. Como o nome diz, aqui eles começam a adquirir o gosto que consagrou-os nos dois álbuns seguintes (Three Friends eOctopus, ambos de 1972). É difícil destacar canções em específico, mas para atiçar a curiosidade dos ouvintes, sugiro buscar duas: “Pantagruel’s Nativity” e “Plain Truth”. Uma banda soberba, que, assim como o Van der Graaf Generator, não entendo por que acaba ficando em segundo plano em comparação com outras como King Crimson e ELP.
Micael: Esta banda, para mim, enquadra-se no mesmo caso do Van Der Graaf Generator. Já ouvi muito, até tenho alguns discos, mas a complexidade de seus arranjos ainda estraçalham o meu cérebro limitado antes que este possa absorvê-los. O grupo gravaria coisas melhores depois, embora este aqui já indique o rumo de seus lançamentos vindouros. Não é banda para o meu paladar!
Ronaldo: Depois de adquirido o gosto por sua musicalidade intricada e inusitada, o Gentle Giant é capaz de oferecer ao ouvinte uma imensa variedade de paisagens sonoras, sempre com um vocabulário extenso em musicalidade. Acquiring the Tasteé seu melhor trabalho. Minha resenha sobre ele pode ser lida aqui.
Thiago: Dentre os grupos que aparecem nesta lista, o Gentle Giant é de longe o meu favorito. Incomum, divertido, ousado, genial. Acquiring the Taste não é o disco que mais gosto na discografia destes britânicos, mas… Se a ideia é experimentar um pouco o som da banda e “adquirir o gosto” pela coisa, este pode ser um bom começo.  Excelente, por sinal. O ápice viria tempos depois, mas já começara a se anunciar neste segundo trabalho de estúdio.

R-467529-1324242980 Genesis – Nursery Cryme (36 pontos)
Adriano: Clássico! Clássico! Clássico! Em 1971 (e talvez ainda durante o ano seguinte), o progressivo, em seu formato mais clássico, atingiu seu ápice criativo neste disco. Teatralidade, virtuosismo, peso, inovações, riqueza melódica, emoção. É absurda a quantidade de momentos neste álbum em que sou quase (ou de fato) levado às lágrimas. Embora eu possa destacar “The Musical Box”, “The Return of the Giant Hogweed”, “Harlequin” e “The Fountain of Salmacis”, o disco não possui nenhum momento ruim. Audição obrigatória a quem pretende ao menos dar uma chancezinha ao estilo.
Bernardo: Claro que ainda não é tão mágico quanto Selling England By the Pound(1973) e The Lamb Lies Down on Broadway (1974), mas é um disco muito acima da média. Já era uma banda com surpreendente unidade e equilíbrio entre seus músicos. A produção ainda ficava a dever, mas a abertura, “The Musical Box”, impressiona. Saber que só iria dali pra cima torna prazeroso ouvir os discos em sequência e sentir a progressão.
Bruno: O Genesis é uma das poucas bandas de progressivo que eu gosto, e gosto bastante. Aqui a técnica e virtuosismo dos músicos são justificáveis dentro das canções e a alta qualidade das composições faz a diferença. Nursery Cryme é um dos meus favoritos da banda, e gosto principalmente das mudanças de clima de “The Musical Box”, e a épica “The Fountain of Salmacis”. Em “Return of the Giant Hogweed”, temos Steve Hackett já experimentando com o tapping anos antes de a técnica ser popularizada por Eddie Van Halen e tornar-se prática comum no heavy metal.
Davi: Prefiro o Genesis com Phil Collins cantando. Sempre achei mais divertido, mas prometo pegar esse disco para reescutar…
Diogo: É estranhíssimo dizer isso, mas o fato é que, entre as grandes bandas progressivas, o Genesis certamente é a que menos chama minha atenção. Não é uma questão de falta de qualidade nem algo do tipo, na verdade acredito que o grupo ainda me conquistará a médio ou longo prazo, mas não consigo apreciá-lo tanto quanto outras formações de assimilação muito mais difícil, vide Van Der Graaf Generator e Gentle Giant, dos quais tornei-me fã tão logo conheci suas obras. A estranheza maior reside no fato de que justamente alguns amigos nem tão chegados em sonoridades progressivas gostam da banda de Peter Gabriel e cia., enquanto eu ainda não fui fisgado pelo quinteto. As canções são boas? Certamente, destacando a ótima “The Musical Box”, mas o tesão ainda não bateu para mim em se tratando do Genesis. Aproveito para citar um fator que me incomoda no disco: a confusão entre a timbragem de guitarra e teclados, que muitas vezes não se distinguem, culpa da produção ineficiente.
Fernando: A produção de Nursery Cryme é um pouquinho ruim, mas nada que consiga atrapalhar. Neste disco a banda conseguiu mirar exatamente para o que faria deles um dos grandes do progressivo. Muito disso foi conseguido pelas entradas de Phil Collins e Steve Hackett.
Mairon: Décimo terceiro da minha lista. Não entrou na lista final por conta de duas canções muito discrepantes perto do gigantismo das demais. Essas músicas são “Harold the Barrel” e “Harlequin”. “For Absent Friends” é o meio campo do disco, e os craques ficam para a maravilhosa “The Musical Box”, e as do mesmo naipe: “The Return of the Giant Hogweed”, “The Fountain of Salmacis” e “Seven Stones”, todas canções incrivelmente construídas e trabalhadas perfeitamente pelo quinteto. A estreia de Phil Collins e Steve Hackett fez com que o Genesis, assim como Yes, subisse alguns degraus. O grupo ainda não estava no mesmo nível ainda, mas foi uma grande mudança.
Micael: Um dos discos que me introduziram ao progressivo, e que possui aquela que talvez seja a minha canção favorita de todos os tempos, “The Musical Box”. Não fossem “Seven Stones” e “Harlequin”, que considero abaixo das demais, seria um dos meus favoritos em todos os tempos. Mesmo assim, é o meu preferido da banda e um dos pilares do prog rock, no meu entender.
Ronaldo: Apenas uma grande costura em cima de uma definição é que é capaz de classificar como “rock progressivo” bandas tão díspares quanto as citadas nesta lista e outras mais do estilo. Cada uma desenvolvendo uma trama muita autêntica para seus sons, nos quais a busca por novas fronteiras musicais é uma das poucas coisas realmente em comum entre elas. Em Nursery Cryme, o Genesis pavimenta com firmeza seu caminho sonoro, aliando a teatralidade da interpretação de seu vocalista, com uma proeminente seção rítmica e teclados com sonoridade melancólica.
Thiago: É absurdo, mas é verdade: amo as carreiras solos de Peter Gabriel e Ray Wilson, gosto da carreira solo de Phil Collins e apenas gosto de Genesis; ainda assim, apenas ocasionalmente. Além disso, Nursery Cryme, apesar de faixas brilhantes como “The Musical Box” e a genial “Harold the Barrel”, sequer está entre meus três álbuns favoritos do grupo. O timbre de guitarra não me agrada em boa parte do disco e, sim, também sou fã de Steve Hackett em carreira solo. Em resumo, talvez seja melhor eu escutar as carreiras solos ou projetos paralelos dos membros do Genesis ou ouvirFoxtrot (1972). Nursery Cryme é facilmente o disco que menos me encanta nesta lista dos dez mais de 1971. Se fosse Foxtrot, o cenário seria diferente? Certamente, mas, de um jeito ou de outro, Genesis não é muito a minha.

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Joni Mitchell – Blue (25 pontos) *
Adriano: Não pude reouvir o disco para esta matéria, mas já o escutei várias vezes. O álbum favorito do grande John Wetton não poderia ser ruim. Durante muito tempo, tive-o em má conta, pois parecia que era apenas uma só música a se repetir, mas depois fui cativado por sua singela melancolia. Leonard Cohen e Joni Mitchell parecem ser o lado masculino e o lado feminino de uma mesma moeda.
Bernardo: Sabe aqueles momentos em que se tem tanto pra falar mas não se encontra as palavras certas pelas mesmas não parecerem fazer justiça? É o que acontece aqui. Blue é um dos meus dez discos favoritos. Portanto, a relação que tenho com o quarto álbum de Joni é absolutamente íntima. Competindo em matéria de disco mais confessional de todos os tempos com Songs of Love and Hate (1971), de Leonard Cohen, Blue é minimalista como o folk deve ser, mas o jeito que Joni coloca sua voz no disco é absolutamente impactante. A entrega é devastante e arrasadora em letras que versam, cada uma do seu jeito, sobre certos sentimentos que todos carregam – culpa, abandono, solidão. Esticando as notas até não poder mais em seu agudo etéreo, Joni descreve com precisão o que era estar solitário durante o hedonismo setentista. Intimista, nostálgico e por vezes até irônico, a força de canções como “All I Want”, “Carey”, “Little Green” e “California” permanecem intocadas até hoje. O tipo raro de disco que me conquistou desde a primeira nota e desde o primeiro verso cantado. Obra-prima sem tirar nem por.
Bruno: Dificilmente vocalistas femininas me agradam, mas Joni Mitchell consegue me deixar hipnotizado. Em Blue, a compositora despejou toda sua mágoa após o fim de relacionamento com Graham Nash em canções cheias de melancolia com arranjos minimalistas e calcados basicamente em violão e voz. Disco maravilhoso.
Davi: Outra artista da qual não sou exatamente um fã. Tenho alguns discos dela, mas até agora nada que me tocasse profundamente. Este disco em particular, não ouvi, portanto não comentarei.
Diogo: A verdade é que eu havia ignorado Joni Mitchell até então na elaboração de nossas listas para a série “Melhores de Todos os Tempos” e só fui escutar Blue a fim de operar o desempate necessário nesta edição. Por algum motivo que nem eu mesmo sei explicar, nutria uma certa antipatia pela canadense, que felizmente se dissipou ao ouvir este disco e deparar-me, logo de início, com as ótimas “All I Want” e “My Old Man”, enfatizando sua bela interpretação em meio a arranjos minimalistas que passavam longe de ser novidade, mas que soam honestos e de muitíssimo bom gosto. Destaco ainda “California” e “This Flight Tonight”, que somente conhecia através da diferentíssima versão do Nazareth. Em se tratando de expressar melancolia, no entanto, em 1971 fico com o sublime White Light, do ex-Byrd Gene Clark.
Fernando: Não conheço, ainda não tive a oportunidade de ouvir, portanto não posso opinar.
Mairon: Um disco muito chato e sem sal. Clouds (1969) é um disco bem melhor. Claro que a voz de Joni Mitchell é belíssima, mas as canções são muito impróprias para o período. Não entendo como este álbum está entre os dez melhores de 1971, à frente de tantos clássicos como Meddle (Pink Floyd), Hunky Dory (David Bowie), Fireball(Deep Purple), Tarkus (ELP), Moving Waves (Focus), Survival, E Pluribus Funk(Grand Funk Railroad), Look at Yourself (Uriah Heep), entre outros. Apesar dos sete últimos não terem entrado na minha lista final, aceitaria de bom grado suas inclusões entre os dez melhores de 1971, principalmente porque são ótimos discos (fora suas importâncias históricas). Mas esta bomba???? Passo longe.
Micael: Joni era (é) uma excelente poetisa e personagem importante e influente no chamado folk rock, mas seu estilo musical não faz o meu gosto. Conheço pouco deste disco, e este pouco não me animou a ouvir o restante. De todo modo, gostaria de ressaltar que a Legião Urbana gravou uma versão da  última música deste álbum, “The Last Time I Saw Richard”, em seu Acústico MTV (1999), algo que não causou alvoroço nem entre os fãs da banda, nem entre os apreciadores da cantora, apesar de eu ter gostado bastante!
Ronaldo: Joni Mitchell tem uma bela e agradável voz, mas seus violões não agregam muito ao que já se havia feito em larga extensão ao longo da década passada. Ainda sim, um bom disco, com uma forte carga lírica.
Thiago: Minha relação com a voz de Joni Mitchell é o extremo oposto de todas as dificuldades que tenho com os vocais de Ozzy Osbourne e Peter Hammill. Amo a voz de Joni Mitchell. Não só a voz. As composições são igualmente lindas, a produção de Blueé o que tinha que ser, e, com o apoio de Stephen Stills e James Taylor, o resultado é dos melhores… Da história.

Listas individuais
114127578Adriano KCarão
1. Magma – 1001º Centigrades
2. Genesis – Nursery Cryme
3. Van Der Graaf Generator – Pawn Hearts
4. Yes – Fragile
5. Gentle Giant – Acquiring the Taste
6. The Who – Who’s Next
7. Jethro Tull – Aqualung
8. The Rolling Stones – Sticky Fingers
9. Pink Floyd – Meddle
10. Som Imaginário – Som Imaginário (Nova Estrela)

maggot-brain-72dpiBernardo Brum
1. Joni Mitchell – Blue
2. Funkadelic – Maggot Brain
3. The Who – Who’s Next
4. The Rolling Stones – Sticky Fingers
5. Os Mutantes – Jardim Elétrico
6. Black Sabbath – Master of Reality
7. Leonard Cohen – Songs of Love and Hate
8. Chico Buarque – Construção
9. T. Rex – Electric Warrior
10. Gil Scott-Heron – Pieces of a Man

downloadBruno Marise
1. Black Sabbath – Master of Reality
2. T. Rex – Electric Warrior
3. The Rolling Stones – Sticky Fingers
4. The Who – Who’s Next
5. David Bowie – Hunky Dory
6. Alice Cooper – Killer
7. Os Mutantes – Jardim Elétrico
8. Jethro Tull – Aqualung
9. Funkadelic – Maggot Brain
10. Focus – II (Moving Waves)

john_lennon_imagine_451434Davi Pascale
1. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
2. The Who – Who’s Next
3. John Lennon – Imagine
4. The Rolling Stones – Sticky Fingers
5. Yes – Fragile
6. Alice Cooper – Killer
7. Faces – A Nod Is As Good As a Wink… to a Blind Horse
8. Elton John – Madman Across the Water
9. Rod Stewart – Every Picture Tells a Story
10. Janis Joplin – Pearl

The_Moody_Blues_-_Every_Good_Boy_Deserves_FavourDiogo Bizotto
1. Black Sabbath – Master of Reality
2. Van Der Graaf Generator – Pawn Hearts
3. Yes – Fragile
4. Yes – The Yes Album
5. The Who – Who’s Next
6. The Moody Blues – Every Good Boy Deserves Favour
7. Alice Cooper – Killer
8. Gentle Giant – Acquiring the Taste
9. The Rolling Stones – Sticky Fingers
10. Gene Clark – White Light

In-The-Land-Of-Grey-And-Pink-Remastered-coverFernando Bueno
1. Led Zeppelin – IV
2. Van Der Graaf Generator – Pawn Hearts
3. Caravan – In the Land of Grey and Pink
4. Jethro Tull – Aqualung
5. Gentle Giant – Acquiring the Taste
6. Yes – The Yes Album
7. Grand Funk Railroad – E Pluribus Funk
8. Elton John – Madman Across the Water
9. The Who – Who’s Next
10. Pink Floyd – Meddle

ufo-2-flying---one-hour-space-rock-536c0bfe0c5a0Mairon Machado
1. UFO – UFO 2: Flying
2. Janis Joplin – Pearl
3. Yes – Fragile
4. Led Zeppelin – IV
5. The Rolling Stones – Sticky Fingers
6. Uriah Heep – Salisbury
7. Pink Floyd – Meddle
8. Van Der Graaf Generator – Pawn Hearts
9. Flower Travellin’ Band – Satori
10. Mal Waldron – The Call

61G80KN812LMicael Machado
1. Led Zeppelin – IV
2. Black Sabbath – Master of Reality
3. Jethro Tull – Aqualung
4. Genesis – Nursery Cryme
5. Santana – III
6. Yes – Fragile
7. Focus – II (Moving Waves)
8. Pink Floyd – Meddle
9. Dust – Dust
10. Yes – The Yes Album

mahavishnu-orchestra-john-mclaughlin-523-lRonaldo Rodrigues
1. Led Zeppelin – IV
2. Mahavishnu Orchestra – The Inner Mounting Flame
3. Yes – Fragile
4. The Who – Who’s Next
5. Grand Funk Railroad – E Pluribus Funk
6. Gentle Giant – Acquiring the Taste
7. Genesis – Nursery Cryme
8. Dust – Dust
9. The Rolling Stones – Sticky Fingers
10. Van Der Graaf Generator – Pawn Hearts

MI0000661991Thiago Sarkis
1. Led Zeppelin – IV
2. Jethro Tull – Aqualung
3. Yes – Fragile
4. The Rolling Stones – Sticky Fingers
5. Gentle Giant – Acquiring the Taste
6. Focus – II (Moving Waves)
7. Mahavishnu Orchestra – The Inner Mounting Flame
8. T. Rex – Electric Warrior
9. Budgie – Budgie
10. Ten Years After – A Space in Time
 
* Blue (Joni Mitchell) ficou empatado com 1001º Centigrades (Magma) e UFO 2: Flying (UFO), todos com 25 pontos. Como não foi possível aplicar nenhum critério de desempate, a decisão a respeito do décimo colocado foi tomada através de uma enquete na qual participaram todos os colaboradores da série.

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