terça-feira, 29 de junho de 2010

Ginger Baker's Airforce


Após o término da Blind Faith, Winwood, Baker e Rick permaneceram com uma amizade forte, mantendo ensaios e encontros regularmente. Winwood já havia decidido lançar-se em carreira solo, enquanto Baker passava a aprender sobre a cultura africana e se aprofundar em técnicas e acompanhamentos de jazz. Rick perambulava entre bares e estúdios atrás de alguns trocados, e foi o primeiro a aceitar a participação em um ambicioso projeto que Baker começa a construir em sua mente.

Durante todo o mês de novembro de 1969, Baker influenciou-se demais pelo jazz de big bands como Count Basie, Duke Ellington e Buddy Rich. Logo, formou a ideia de construir um grupo que extrapolasse a música da época, indo em novas direções totalmente diferentes aquelas da Blind Faith e do Cream, misturando jazz, rhythm & blues, folk, blues e ritmos tribais africanos.

Rick adorou a ideia, e ressaltou que a presença de Winwood seria a alma R & B que Baker estava procurando. Baker foi atrás de Winwood, que agora já estava ensaiando com Jim Capaldi e Chris Wood, em uma tentativa mascarada de volta do Traffic. Winwood relutou por alguns dias, mas ao entender o projeto e suas extensões, topou a participação.

Assim, a Blind Faith agora estava reunida, mas sem Clapton, e algumas peças ainda estavam faltando. Rick tinha o blues, Baker os ritmos e Winwood era o R & B em pessoa. Faltavam o jazz e os ritmos africanos. A saída encontrada por Baker foi voltar ao passado novamente, e chamar o cara que revelara ele ao mundo. Assim, Graham Bond (sax, órgão, piano e voz) entrou na parte jazzística, trazendo com ele o lendário baterista de jazz Phil Seamen e Harold McNair, um fantástico saxofonista eflautista jamaicano que havia participado de shows com Quincy Jones e também fez parte do quarteto de Charles Mingus, se tornando então o que Baker chamou de "a inspiração".

Mente aberta, Baker aceitou ainda a sugestão que Winwood fez para Chris Wood entrar no naipe dos metais, e assim, com Bond, Wood e McNair, formava-se um dos maiores naipes de metais da história do rock.

Para a percussão africana, Baker folheou seus contatos pelo continente, e acabou optando pelo nigeriano Remi Kabaka. Com a adição de Jeanette Jacobs aos vocais e do amigo Denny Laine (que participou da primeira formação do Moody Blues e também do grupo Balls) na guitarra e vocais, Baker fechava seu projeto, que batizou com um nome sugestivo e que traduzia o que realmente aquela multidão de pessoas eram: a Ginger Baker's Air Force.
Primeira geração da Air Force em ação
Diferente de tudo o que já havia sido feito por Baker, a Ginger Baker's Air Force foi sem dúvida nenhuma o ponto alto das realizações do baterista, mesmo com as virtudes e importantes passagens pelo Cream, Blind Faith e Graham Bond Organisation. Na Airforce, Baker expandiu seus horizontes, dominando ainda mais a bateria e também o processo de composição e conjunto.

Logo após o anúncio da criação do novo grupo em dezembro de 1969, Baker agendou duas datas para a banda se apresentar na Inglaterra durante o mês de janeiro. A princípio, a união daqueles monstros da música não passaria dessas duas apresentações, mas após o primeiro show da Airforce em Birmingham, no dia 12 de janeiro de 1970, a reação positiva tanto da imprensa quanto do público fez com que Baker começasse a viajar mais alto, tanto que o segundo show, realizado na data de 15 de janeiro, no Royal Albert Hall em Londres, foi registrado, culminando no primeiro e espetacular álbum da Air Force.
Um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos
Lançado em fevereiro de 1970, Ginger Baker's Air Force registra um momento histórico na história da música. Para mim é um dos três melhores álbuns ao vivo de todos os tempos, e em seus sulcos, está toda a efervescência criada por uma maravilhosa cozinha percussiva, recheada com todo o esplendor do naipe de metais e com o talento de Winwood no órgão e vocais. Logo na primeira audição, o LP mostra todo o seu poder de vôo, fazendo com que o ouvinte delire desde o começo.

Ginger Baker's Air Force abre com "Da Da Man", onde percussão, baixo e bateria puxam o ritmo dos metais, que surgem com o tema principal. Winwood faz intervenções no órgão. Bond faz um segundo tema, acompanhado por vocalizações que cantam o nome da canção, retornando ao tema inicial e começando a sequência de solos com Winwood.

O acompanhamento latino de Baker e Seamen tem toques de metais com notas muito pesadas, enquanto Winwood viaja no órgão. O tema principal é repetido, com Laine fazendo as intervenções que indicam de quem será o próximo solo. Uma boa sequência de notas feitas por Laine, esbanjando vigor e feeling, é acompanhada pelo impecável andamento da cozinha percussiva formada por Baker, Seamen e Kabaka, que fazem uma melodia grudenta.

O tema principal surge de novo e Bond assume a ponta das intervenções, para solar fantasticamente antes de encerrar a faixa de forma primorosa, levando a segunda e última faixa do Lado A, que é "Early In The Morning".

Começando com uma percussão lenta, tipo ritmo tribal, Rick faz a melodia vocal no violino. Winwood começa a cantar em cima da melodia, acompanhado pelos vocais de Laine e Jeanette. Os metais vão dando peso a canção, e Baker solta o braço, levando a sequência de solos, a qual começa com Rick no violino, repleto de distorção e com uma ótima levada do baixo e da cozinha percussiva, lembrando Allman Brothers.

Os metais participam com bons temas de intervenção, e é a vez de Wood solar na flauta, primeiro de forma lenta, e depois, crescendo junto com o andamento da cozinha, até retornar ao tema principal. Finalmente, McNair executa seu solo de flauta, e a pauleira pega entre o naipe de metais, percussão e bateria. Os aplausos insandecidos da plateia crescem junto com o solo e a faixa encerra o lado A com o violino de Rick novamente fazendo a melodia dos vocais.

"Don't Care" abre o lado B em grande estilo, com os riffs dos metais apresentando os vocais de Jeanette e Winwood. Após alguns versos, entramos na sequência de solos, começando com Winwood no órgão, que não esbanja notas, tocando apenas longos acordes sem muita inspiração.

O riff dos metais retorna, e a pressão aumenta, com Bond, McNair e Wood fazendo uma marcação forte enquanto Winwood faz um solo magistral. Baker e Seamen estão incansáveis, travando uma batalha única contra a percussão de Kabaka, e o palco incedeia, com o órgão de Winwood defendendo seu terreno contra o ataque sonoro dos metais. Laine e Rick apenas observam, marcando o tempo para a loucura geral no palco.

McNair ganha espaço e passa a solar. Assim como Winwood, o solo no início é lento, aumentando com a sequência da canção, levando então para o solo de Wood, que entre microfonias e aplausos, manda ver com o pulmão.

O riff principal volta e percebesse que a empolgação de Baker e Seamen passa dos limites, cometendo um erro na volta do riff, mas mesmo assim, conseguem acertar o tempo e voltar a repetição da letra, encerrando a faixa com a repetição do riff principal, e o ouvinte com as pernas totalmente estrupiadas de tanto dançar com a canção.

A prova de resistência é ainda maior na faixa seguinte, uma re-edição para a clássica "Toad". Rick, Baker, Seamen e Kabaka fazem a marcação do ritmo tradicional da faixa, enquanto o trio de metais sola independentemente. Winwood e Laine passam a acompanhar o ritmo, fazendo os acordes para a aeronave levantar vôo em uma espetacular jam session comandada pelos metais, onde Kabaka destrói as mãos na sua percussão.

Baker então começa a solar na sua forma tradicional, onde de forma monstruosa usa todo o seu kit, apresentando rufadas, batidas nos pratos e bordas das caixas e tons e monstrando um domínio que poucos tem. Uma violenta sequência nos dois bumbos surge antes de variações impossíveis de serem reproduzidas, e Seamen passa a duelar com Baker.

A partir de então, os dois esgotam as possibilidades e maneiras de tocar o instrumento. Pancadas violentas nos pratos e bumbos são constantes, e o efervescente final do solo é uma pressão percussiva de tirar o fôlego. Ambos retornam com o ritmo da canção, trazendo baixo, órgão e os metais, para encerrar a faixa e o lado B com todos reproduzindo o tema principal e muito barulho, além da plateia aplaudindo e assoviando incrédula com o que acabou de ver e ouvir.

Percussão e bateria abrem "Aiko Biaye", faixa de abertura do lado C, onde Jeanette entoa o nome da canção enquanto Kabaka canta em um dialeto africano, tendo intervenções de Jeanette e Laine. Os metais fazem um determinado tema junto com o baixo, que passa a fazer a melodia dos vocais e acompanhar a letra de Kabaka, até os metais repetirem o tema inicial, com a cozinha comandando a pauleira para os solos.

Wood é o primeiro a se aventurar no sensacional andamento dos metais, que repetem o mesmo tema enquanto Wood gasta seu fôlego no sax. Laine surge solando na guitarra, e o andamento continua hipnotizando o ouvinte. McNair entra na festa, solando a la Coltrane dos tempos free-jazz, com Baker e Seamen destruindo seus kits. Os metais ganham força, e estamos à beira da loucura, até Baker avisar que é hora de voltar a realidade.

O grupo faz o tema inicial e Kabaka retorna a letra, repetindo o início da canção até começar o solo de Baker, Seamen e Kabaka. Jeanette fica repetindo o nome da canção e soltando gritos, enquanto os três fazem um longo e espetacular duelo entre bateria e percussão, que termina com batidas nos pratos e o encerramento da canção com o tema principal e muito barulho.
Compactos de Man Of Constant Sorrow
"Man Of Constant Sorrow" encerra o lado C em uma leve balada guiada pela guitarra de Laine, que também comanda os vocais na linha Bob dylan, onde Rick sola ao violino em uma canção que destoa das demais, apesar do bonito arranjo folk.

O lado D retorna a pauleira com o clássico da Blind Faith, "Do What You Like". Baker apresenta a canção e já puxa o ritmo, com os metais fazendo o riff junto do baixo. Winwood surge com a letra, e os metais fazem o riff acompanhando o órgão e o baixo. Após as primeiras frases, Winwood começa seu longo solo no órgão, enquano Jeanette repete o nome da faixa entre temas marcados dos metais e baixo.

Winwood abusa de escalas e notas características de seus solos, improvisando sobre as camadas de percussão e metais. Baker aumenta o ritmo das batidas, com os metais repetindo o tema da canção, abrindo espaço para mais um longo e monstruoso solo de Baker.

Marcando o tempo no cymbal, Baker re-monta seu kit, para então destruí-lo novamente, de uma forma totalmente diferente do que havia sido feito em "Toad". Alternando batidas nos tons e bumbos, Baker usa muito pouco da caixa, tendo como destaque a incrível sequência nos dois bumbos, enquanto com os braços quase quebra os pratos com pancadas violentíssimas.

Uma bela sequência de rufos na caixa e bumbo levanta o público, que assovia e aplaude as peripécias de Baker. O solo encerra com um espetacular ataque aos bumbos, pratos e caixa, solando com fúria e mostrando ao mundo por que nada mais nada menos que John Bonham era um de seus maiores fãs, retornando então ao ritmo da canção que encerra-se com os instrumentos fazendo muito barulho entre aplausos e assovios.
O monstro Ginger Baker

O álbum encerra com uma jam session fantástica conduzida por Rick e Baker, onde o baterista apresenta primeiramente a banda e puxa o ritmo do que foi chamado "Doin' It". Rick faz a marcação junto com Baker, para Laine e Bond executar pequenos solos. Winwood faz um tema específico, e Wood passa a solar junto com os demais, em um clima totalmente final de festa.

O baixo faz a base junto com os metais, enquanto Wood e Winwood solam livremente. A doideira pega na cozinha percussiva, com sequências fantásticas de caixa, prato e viradas nos tons que aumentam o ritmo da improvisação, com Wood solando muito, encerrando a faixa com a repetição do tema de "Do What You Like" e saindo ovacionados!

A apresentação no RAH causou estardalhaços tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos. A imprensa exaltou a força sonora do grupo e começou a especular sobre o andamento da carreira do novo bibelo da música britânica. Ginger Baker's Air Force acabou sendo lançado mesmo com a banda tendo feito apenas dois shows, alcançando a posição 33 nos EUA e 37 na Inglaterra.

Porém, o estrondoso e meteórico sucesso da Air Force barrou dentro do grupo, provando que nem sempre muitas estrelas formam uma constelação. Winwood não estava mais afim de viver no estrelato, e acabou saindo do projeto logo após o lançamento do primeiro álbum, voltando para a sua carreira solo. Para o seu lugar, o baterista e pianista Alan White (Plastic Ono Band, Yes) foi chamado, formando então um trio de bateristas.

Wood também partiu, e foi trabalhar com Winwood, trazendo o Traffic das cinzas junto com Jim Capaldi e lançando o fabuloso LP John Barleycorn Must Die (1970), e então, Colin Gibson foi chamado para o saxofone. Os vocais femininos também sofreram mudanças, com Jeanette dividindo-os com a namorada de Bond, Diane Stewart.

Essa formação durou apenas dois meses, de março a maio de 1970, e fez exatas 13 apresentações. O grupo ainda possuia uma data marcada para o Madison Square Garden em 20 de junho, mas acabou cancelando por problemas internos.
O poderoso naipe de metais da Air Force
De fato, Rick não estava mais entusiasmado com o projeto, e White foi participar do grupo de Yoko Ono. Assim, Baker reformulou novamente a Air Force, tendo agora como braço direito o velho amigo Bond. Ele foi o responsável por chamar Steve Gregory (sax, flauta) e Bud Beadle (sax) para re-agrupar o naipe de metais, que havia perdido Wood e McNair. Para os teclados, Bond chamou Ken Craddok, e lançou a namorada para o posto de primeira voz do grupo, dividindo-as com Aliki Ashman, contratada especial de Baker, o qual também recrutou o novo percussionista, o ganês Neemoi "Speedy" Acquaye.
A gigante segunda formação da Airforce

Com a nova formação tendo 11 membros, Baker foi para os estúdios, sendo um bandleader no estilo de Count Basie e Buddy Rich. Vez por outra, Rick e Layne apareciam no local e participavam das gravações. De junho a outubro, muito material foi realizado, e depois de uma seleção rigorosa, acabou sendo agrupadas as canções que fariam parte do segundo álbum da Air Force.
O segundo e último álbum da Airforce
Ginger Baker's Air Force 2 foi lançado em 1970, e abre com a cover para "Let Me Ride", de Roebuck Staple, com Rick no baixo e Laine nas guitarras. Os metais apresentam a canção trazendo a voz de Bond acompanhada pelos vocais femininos e um delicioso andamento feito por teclados, piano, guitarra e baixo, além claro dos metais e de Baker. Bond faz um interessante solo no órgão, com Laine solando ao fundo, em uma encantadora sobreposição de sons.

O clássico do Cream "Sweet Wine" vem a seguir, também com Rick no baixo e tendo Rouki Dzidzornu na percussão. A flauta faz a melodia do refrão acompanhada pelo tímpano, e então Baker surge, com flauta e vozes fazendo o tradicional riff da canção. Aliki comanda os vocais acompanhada por Diane e Catherine, em uma poderosa faixa que conta com um enlouquecido solo de sax feito por Bond, com diversas intervenções de flauta e guitarra.

Gibsons é o responsável pelo baixo em "Do U No Hu Yor Phrenz R?", a qual começa com a percussão de Rouki, tendo nos vocais Aliki, Diane, Bond e Baker, em uma leve jazz-waltz que lembra canções de bandas como The Band, com um belo solo de Bond.

O lado A encerra com a linda "We Free Kings", onde a percussão de Rouki é seguida pela bateria. Rick marca o ritmo no baixo enquanto flautas e teclados fazem o bonito tema da canção. Aliki e Diane fazem vocalizações acompanhando os metais, e então Aliki começa a cantar sozinha, com Diane acompanhando-a na frase final da estrofe.

Beadle faz o primeiro solo, enquanto Aliki e Diane fazem as vocalizações. Os metais trazem o tema para a segunda estrofe, e é a vez de Gregory solar acompanhado pelas vocalizações femininas. Mais uma vez, o tema dos metais leva a terceira estrofe da letra, com Bond assumindo a posição de destaque nos solos, mandando ver em um alucinante improviso, que leva ao final da canção com a repetição do tema princcipal.
A dupla feminina Aliki e Diane
O lado B abre com a balada "I Don't Want To Go On Without You", de Bert Berns e Jerry Wexler, onde flauta e sax fazem a melodia da letra, que é cantada por Laine e tem a participação de Aliki, Diane e Catherine, e assim como no álbum anterior, é uma faixa que passa despercebida, apesar dos bonitos temas de flauta.

Porém "Toady" recupera o alto nível. Baker colocou letra em cima de mais um clássico do Cream, que aqui começa com piano, baixo e flauta sendo acompanhados por Baker enquanto fazem improvisações. Aliki e Diane começam a cantar sobre a cadência criada pela bateria e pela percussão. Gregory faz o solo acompanhado pela viajante sessão instrumental feita por metais, piano, baixo, flauta e percussão.

A doideira pega fogo, com Bond e Gregory solando juntos, sobrepondo-se de forma espantosa e dando uma aula de improvisação, até os vocais retornar. Após a repetição do nome da canção, começa o solo de Baker e Neemo, que desta vez não vou comentar os detalhes, apenas apague a luz, deite e ouça cada segundo. Baker retorna o ritmo inicial, e os metais trazem o tema para a repetição da letra e o encerramento de outro grande clássico.

"12 gates Of The City", composta por Bond, trás o corpulento saxofonista e seu vozeirão acompanhado pelos vocais femininos. Destaque para o arranjo vocal e para a participação dos metais, tendo todo o tempero que somente Bond conseguia dar as suas canções.

"Let Me Ride", "Sweet Wine" e "I Don't Want To Go On Without You" foram gravadas em maio, "12 Gates Of The City" em setembro e "Do U No Hu Yor Ohrenz R?", "We Free Kings" e "Toady" em outubro, todas em 1970. Ginger Baker's Air Force 2 foi lançado com outras músicas na Alemanha. A ordem do vinil alemão é "We Free Kings", "Caribbean Soup", "Sunshine Of Your Love" (onde os metais dão uma aula de como re-criar um clássico), "You Wouldn't Believe It", "You Look Like You Could Use A Rest", "Sweet Wine", "I Don't Want To Go On Without You" e "Let Me Ride".
Show de despedida da Airforce
Após o lançamento do segundo álbum, os problemas começaram a aparecer. Mesmo sendo um bom disco, não atingiu vendagens expressivas, e isso tornava o ambiente complicado, afinal, o dinheiro que entrava era dividido entre onze pessoas. Big bands como a de Count Basie e Duke Ellington possuiam patrocínios para trabalhar e também agentes que mantinham o dinheiro certo para cada instrumentista, além de que o dinheiro recebido pelo "catálogo patenteado" de cada um deles era muito bom, mas isso não ocorria na Air Force.

A turnê de divulgação do segundo álbum foi agendada para grandes locais, com as imprensas britânica e americana taxando o grupo como sendo um Blind Faith reformulado. Porém, a venda dos ingressos foram muito baixas, e assim, o grupo encerrou as atividades em março de 1971, tendo realizado apenas 41 shows em dois anos de uma carreira curta.

Baker foi trabalhar com músicos africanos no projeto Stratovarius, tocando com Guy Warren (bateria), Fela Ransome-Kuti (órgão, voz, percussão), Bobby Gass (baixo), Sandra Danielle (voz) e Alhaji Jk Brimar (percussão) e lançando o álbum Stratovarius (1972). Baker tocou no disco do baterista Graeme Edge (ex-Moody Blues) chamado Kick Off Your Muddy Boot (1974). Formou a Baker Gurvitz Army, com quem lançou 5 LPs, e ainda fez parte de uma das formações da Hawkind.

O baterista ainda participou de vários outros grupos, como o Wings (tocando no álbum Band On The Run), PIL (onde gravou o álbum Album), Nutters, John Mizarolli e Master Of Reality, além de ter lançado vários álbuns solo e também feito parte da banda solo de Jack Bruce, com quem em 1994, formou, ao lado de Gary Moore, o BBM, que durou pouco tempo e gravou apenas um disco.
Junção dos dois álbuns em um único CD
Voltando a Air Force, no final dos anos 80, a Polygram relançou o primeiro LP em cd, e posteriormente o segundo álbum também em cd. No ano de 1998, ambos foram condensados em um cd duplo chamado Do What You Like, e que trás ainda raridades de estúdio com o projeto Stratovarius, sendo uma boa pedida para os bolhas de plantão.

A Ginger Baker's Air Force lançou ao mundo um dos melhores álbuns já gravados ao vivo e outro que é base para as misturas entre música africana, jazz e rock, e infelizmente, apesar de todo o talento atribuído para o grupo, hoje são lembrados mais como sendo um dos super-grupos dos anos 70 que não deu certo.

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