domingo, 8 de novembro de 2009

Deep Purple - Mark III



E os anos se passaram. Ritchie Blackmore finalmente tinha um vocalista gritando no palco tal qual Robert Plant fazia no Led Zeppelin (o que comprova a importância do Led até para as principais bandas do ramo). Porém, o mar de rosas começou a sugar o barco purpleano durante as gravações de Who Do You Think We Are?. Blackmore e Ian Gillan começavam a se desentender cada vez mais, tanto que Gillan chegou a compor uma música do disco especialmente para o guitarrista: "Smooth Dancer".

No primeiro semestre de 1973 o clima de stress entre os dois chega ao auge. Gillan passa a beber demais, o que o levava a discussões coléricas e chiliquentas nos mais variados lugares (hotéis, camarins, restaurantes, aviões, ...), anunciando aos empresários que, após a excursão ao Japão, em junho daquele ano, pularia fora do barco.

29 de junho de 1973 se tornaria uma das datas mais importantes para o rock mundial. Ali, um grande grupo, com seguidores por todo o mundo, contando com uma formação brilhante e que lançara álbuns incrivelmente fantásticos, lotando casas de shows e mostrando uma competência no palco impecável, caía às ruínas. Durante o show de Osaka, Ian Gillan anunciava ao mundo que aquele era o último show do Deep Purple com ele, inclusive negando-se a cantar um dos principais versos de "Smoke on the Water", o que fala exatamente sobre que "não importa o que possamos tirar disso".

A saída de Ian Gillan chocou a todos, menos Blackmore, que ainda sugeriu a Roger Glover para que o mesmo saísse da banda. E foi o que ele fez, se dedicando a produção de novos talentos (entre eles, Nazareth e Judas Priest) na gravadora do Purple - Purple Records -, além de produzir seu próprio álbum, The Butterfly Ball, enquanto Gillan foi trabalhar no ramo da hotelaria e também desenvolvendo competição de motos.

As especulações em torno do novo vocalista surgiam com nomes como Paul Rodgers e Phyl Lynott. Na verdade, o trio Lord/Blakmore/Paice já estava de olho em um jovem talento que surgia no power trio Trapeze. Assim, partem para acompanhar a turnê americana do grupo, onde em Nova York oferecem a proposta para Glenn Hughes ser o novo baixista do Deep Purple. Hughes aceitou a proposta com uma condição: metade das músicas deveriam conter vocalizações suas.

Próximo passo: encontrar um vocalista fixo. Para isso, um novo anúncio foi colocado nos jornais, de onde surgem milhares de candidatos, entre eles um dos líderes da The Fabulosa Brothers, David Coverdale. O contato de Coverdale com o Purple ocorreu através de um management muito salafrário chamado Roger Baker, que conseguiu o telefone de contato da Purple Records e informou que naquela semana enviaria uma fita da The Fabulosa Brothers para ser conferida.

Três semanas após a audição da tal fita, que contava com uma foto de Coverdale ainda escoteiro, o cantor foi chamado para uma audição, com a confirmação do mesmo como novo vocalista do Deep Purple ocorrendo em setembro, ao mesmo tempo que Hughes se despedia do Trapeze. No mesmo mês começam a compor para o novo álbum.

A nova formação sobe ao palco pela primeira vez novamente na Dinamarca, desta vez em Copenhagem, no dia 09 de dezembro de 1973, onde também gravaram uma faixa instrumental, "Coronarias Redig", que virou lado B de "Might Jut Take Your Life" e pode ser conferida na coletânea Anthology de 1985. Até 17 de dezembro ainda passam por Suécia, Bélgica, Áustria e Alemanha.

No ano seguinte dão sequência à turnê com shows na França e Alemanha no mês de janeiro, mostrando que, apesar de Burn ter sido considerado um álbum leve, no palco o bicho pegava pra valer, com muitos solos e, principalmente, apresentações insanas e ferozes de Paice, Blackmore, Hughes e Lord, notabilizando que a entrada de Coverdale e Hughes tinha dado um gás novo para o quinteto, assim como a parada para a reestruturação do Purple aumentou o contato de Blackmore com a guitarra, permitindo aumentar sua técnica e variar entre momentos rápidos e trechos celestiais.

Burn marca a estreia em LP da Mark III


Burn chegou às lojas inglesas em fevereiro de 1974, e na América no mês seguinte. Um álbum fantástico, que mesmo com o início elétrico trazia uma sonoridade muito diferente da Mark II. Como citado, o LP começa com um dos principais riffs do rock mundial introduzindo a faixa-título. O potente vocal de David Coverdale surge para o mundo, com Glenn Hughes auxiliando em diferentes estrofes. Blackmore faz um de seus solos mais vibrantes, seguido pelo solo de Lord. O pique de "Burn" é incompreensível, com Hughes e Paice mantendo a cadência durante exatos 6 minutos de muito agito e quebração de pescoço.

A seguir o clima muda com "Might Just Take Your Life", uma prova de democracia purpleana. Mais um riff inesquecível no Hammond de Jon Lord introduz a voz de Coverdale na primeira parte da letra, aliás uma das melhores do Purple, seguido do refrão. A sequência de alternância de vocais é fantástica, com Hughes dando um balanço e malemolência simplesmente fenomenais. A faixa encerra com um solo de Lord sob os vocais de Hughes e Coverdale. Perfeição pura!!!

A pancadaria retorna em "Lay Down Stay Down", em um pique parecido com o de "Burn". Aqui os destaques são o piano de Lord e as viradas de Paice, bem como o riff executado por Blackmore e Hughes. Coverdale canta a primeira parte da letra e Hughes a segunda, com o mesmo ocorrendo no refrão, outra prova da incrível harmonia vocal construída pelos dois.

O lado A encerra com "Sail Away", uma canção dançante, onde novamente a divisão de vocais funciona, e bem. Para os fãs da Mark II talvez essa faixa não seja das melhores, mas para um apreciador de música em geral o ritmo dançante e as melodias de Blackmore e Lord são muito boas.

O lado B inicia como o lado A. Muito pique e vibração fazem parte de "You Fool No One" (a primeira música do Purple que ouvi em minha vida). Pouco a pouco os instrumentos vão sendo acrescidos à canção. Ian Paice apresenta seu braço esquerdo, quase quebrando o prato, seguido de Blackmore, Hughes e finalmente Lord, que constróem um riff matador, com Coverdale e Hughes cantando juntos. Novamente Blackmore brilha em dois grandes solos, fazendo desta mais uma obra-prima.

A alternância de sonoridades já havia ficado marcada no álbum, e a faixa seguinte é a dançante "What's Goin' on Here", talvez a mais parecida com as músicas do Trapeze. Cheia de overdubs, a introdução na guitarra de Blackmore dá espaço para as harmonias vocais funcionarem. Coverdale e Hughes cantam cada um uma frase da letra, com ambos dividindo os vocais no refrão. O solo de Blackmore é simples e direto, com Lord delirando ao piano, o que é muito legal, principalmente por fugir do habitual uso de Hammond.

A seguir uma das baladas mais lindas da história do rock, "Mistreated". Composta ainda nos tempos em que o grupo estava procurando por um vocalista para substituir Ian Gillan, quando pronta se tornou uma pérola, iniciando com o magistral riff de Blackmore acompanhado pelo bumbo de Paice. Hughes e Lord precisam de apenas duas notas para desconstruir a música, e assim, Coverdale rasgar a garganta com o "I've been mistreated ...", acompanhado pelo blues arrastado e sôfrego que deixou muito cabeludo chorando pelos cantos.

Finalmente Blackmore conseguia um vocalista para soar igual a Robert Plant, e Coverdale esbanja "baby, baby" e "oh, woman" para tudo que é lado, mas de forma totalmente emocionante, principalmente pelo arranjo feito por Blackmore. Única canção do disco que é cantada somente por Coverdale, tem em seu encerramento o momento derradeiro, com Hughes e Coverdale dividindo as vocalizações no crescendo final, enquanto Blackmore sola como se fosse o último momento de sua vida. Coverdale encerra a canção sozinho e dizendo apenas que "I've been losing my mind". Divino!!

O álbum encerra com a instrumental "A-200", onde Lord brinca no sintetizador acompanhado pela marcha de Paice e Hughes. Blackmore mostra suas armas sobre o mesmo acompanhamento, mas o destaque maior vai realmente para Lord, que parece um garoto executando o tema principal e viajando em longas notas no Moog e no sintetizador. Detalhe importante: o nome da faixa se deu em homenagem a uma pomada americana usada para matar chatos (aquele piolho que gruda na virilha).

Com o lançamento de Burn nos EUA, ocorre também o retorno da banda à terra do Tio Sam, tocando em Detroit no dia 03 de março. Já em o6 de abril ocorre um dos fatos mais marcantes de toda a carreira do Purple. Assim como o incidente no hotel de Montreux que gerou "Smoke on the Water", a participação no California Jam é lembrada por muitos como o último grande momento de Blackmore à frente do grupo.

Ritchie Blackmore e seu amigo camera man


Aqui vale um aparte. A história do California Jam tem suas origens com o fracasso financeiro de Woodstock. Os promotores Sandy Feldman e Lenny Stogen viram na organização de um festival de rock ao ar livre uma forma de se ganhar dinheiro com a música. Assim, levaram a ideia para a rede de TV ABC, que se interessou na hora com o projeto, afim de levar a cabo um programa de TV chamado In Concert, e conseguindo um patrocínio da Goodyear para a realização do evento.

Com o contrato na mão saíram atrás de grandes nomes da música e que não tocavam nos EUA há algum tempo. Daí surgem Black Sabbath, Seals & Croft, The Eagles, Black Oak Arkansas, Rare Earth, Earth Wind & Fire, o próprio Purple e o Emerson Lake & Palmer, que encerraria o festival.

Dois palcos móveis foram montados na arena do Ontario Motor Speedway, em Ontario, California, tendo ao fundo um gigantesco arco-íris de madeira, que deu nome a outra grande banda ligada ao Purple. Duzentas mil pessoas apareceram no local, que contou com uma excelente infra-estrutura e um belo dia de sol (diferente do que ocorrera em Woodstock), com os lucros beirando os 2 milhões de dólares.

Uma das expectativas para o evento realmente era a apresentação da nova formação do Deep Purple, que já vinha sendo bastante comentada nos veículos musicais, principalmente pelo fato de Blackmore vir costumeiramente quebrando sua guitarra, com um dos agentes da emissora, Josh Wishe, exigindo que, quando fizesse tal atitude, Blackmore viesse a favorecer as imagens das câmeras.

Tudo corria tão bem que, às 18:30, os promotores perceberam que o evento iria acabar mais cedo. O sol raiava quando os bastidores começaram a pegar fogo. Sendo a atração principal, o Purple estava programado para entrar no palco às 19:30, já sem nenhuma luz natural, para finalmente o ELP encerrar o show por volta das 22:00. Porém, como as apresentações antes do Purple acabaram mais cedo, os promotores tentaram obrigar o grupo a se apresentar antes, ameaçando de diversas formas, inclusive de não pagar o fabuloso cachê de 75 mil dólares e mais parte de bilheteria, com o total sendo de 200 mil doletas.

Blackmore recusou na hora, alegando que iria tocar apenas às 19:30. Indignado, o promotor começou a contar até trinta, enquanto Blackmore calmamente afinava sua guitarra. Vendo que não adiantava nada, correu atrás dos demais integrantes, convencendo Lord a tentar falar com Blackmore. Segundo o próprio Blackmore, "Lord veio até a mim e disse para eu ir tocar pelo resto do grupo, e eu prontamente disse que não, e que estava pronto para sair da banda naquele momento".

No começo da noite outro empresário da ABC foi ao camarim de Blackmore e o convenceu a finalmente entrar no palco. Com quase meia hora de intervalo, os primeiros acordes de "Burn" soaram nos amps do California Jam, seguidos de "Might Just Take Your Life", "Lay Down Stay Down" e uma divina apresentação para "Mistreated". A partir de então, o que se viu no palco foi uma das mais eletrizantes apresentações da carreira da banda.

"Smoke on the Water" e "You Fool No One" rolaram com muita intensidade e solos individuais, com Hughes parecendo estar tocando no Purple desde pequeno, totalmente seguro e magistral, e Coverdale esbanjando simpatia e voz. Porém, foi em "Space Truckin'" que o mundo veio abaixo. Ali Blackmore, que ainda não havia esquecido o ocorrido minutos antes, pôde demonstrar a raiva que se acumulou contra a ABC durante o show, principalmente pelo fato de a emissora ter colocado um cinegrafista muito perto do guitarrista, que o deixava praticamente sem condições de se movimentar pelo palco, e também bloqueando a visão do público.

Então, durante o êxtase final de "Space Truckin'", com Blackmore solando tudo o que podia, o momento esperado pelos agentes e público começou a ocorrer. A Fender negra de Blackmore começou a voar pelo palco, até cair no chão e ser golpeada pelo guitarrista diversas vezes. Lembrando-se das palavras do produtor de "favorecer as câmeras", Blackmore retirou a guitarra do chão e levou-a direto à camera do tal cinegrafista que estava ao seu lado durante todo o evento, destruindo guitarra e equipamento.

Não satisfeito, Blackmore ainda aprontaria mais uma. Ele já havia planejado uma grande explosão para encerrar o show, e pediu para que alguns litros de gasolina fossem colocados em um amplificador de 450 watts que estava no fundo do palco. Porém, os roadies exageraram na dose e, com Hughes, Lord e Paice mandando ver na sonoridade de "Space Truckin'" e com os produtores da ABC de queixo caído vendo um equipamento completo ser destruído ao vivo e a cores, uma enorme explosão ocorreu, atingindo fortemente Paice e jogando Blackmore para a frente do palco, causando uma experiência visual chocante até os dias de hoje. Até mesmo Hughes, que estava do outro lado do palco, acabou sofrendo algumas lesões por causa da explosão. Novamente, Blackmore cita que "não queria ter feito nada daquilo, eu queria apenas matar o cidadão que ficou contando até 30 para mim. Se ele estivesse por perto, vocês não iriam ver apenas uma câmera quebrada, mas sim um cara morto".

O festival seguiu com a apresentação do ELP, mas os danos causados já tinham afetado os produtores da ABC, que receberam uma carta conciliatória dos empresários do Deep Purple, onde comprometiam-se a pagar todos os danos causados pela apresentação da banda, que no total foram de 8 mil dólares.

O tal In Concert foi ao ar, e toda essa fantástica apresentação do Purple pode ser conferida no CD e DVD California Jam, sendo que existem duas versões, uma com as imagens que saíram na edição do programa (sem "Lay Down Stay Down") e outra com a apresentação completa. A sequência da destruição da guitarra foi registrada em diversas fotos que aparecem na capa interna da coletânea Anthology, sendo a capa da mesma o exato momento onde ocorre a explosão do amplificador.

Após a passagem explosiva na América retornam para a Inglaterra no dia 18 de abril, indo até o final de maio. Após um mês de descanso, onde alguns projetos solos foram realizados e inclusive uma operação de apendicite por parte de Lord, bem como o processo de divórcio de Blackmore, voltam para os ensaios no Clearwell Castle, e a gravação do segundo álbum com a já consolidada Mark III começam em agosto, ao mesmo tempo que algumas apresentações ocorrem na América tendo a banda ELF (de Ronnie James Dio) como abertura.

Como Blackmore estava emocionalmente abalado com sua separação, Hughes e Coverdale tiveram a oportunidade de colocar as mangas de fora na produção das canções, tornando o som da banda ainda mais dançante.

Stormbringer traz uma das mais belas capas da carreira da banda


Em novembro de 1974 chegava às lojas aquele que para mim é o melhor trabalho do Deep Purple. Stormbringer trazia uma sonoridade totalmente diferente do que já havia sido feito na história do grupo. Hughes e Coverdale mostraram que, em pouco tempo à frente de uma grande banda, tinham caráter e potencial para serem grandes estrelas.

O disco abre com o petardo da faixa-título, "Stormbringer", e mais um riff fantástico, tendo Coverdale imitando as falas de Linda Blair, a garotinha do filme O Exorcista. Coverdale canta ferozmente, com o tradicional dueto de vozes no refrão. O solo de Blackmore é feito com uma distorção estranha na primeira parte, que deu um charme especial para a faixa, com a distorção normal sendo usada para a segunda e mais agitada parte do solo. Clássico dos clássicos na discografia do grupo.

A seguir temos a sensual "Love Don't Mean a Thing", uma precursora do Whitesnake, com os resmungos de Coverdale sobre o riff de Blackmore. Paice e Hughes criam uma swingada estrutura para Coverdale começar a cantar a letra, seguido pelos vocais de Hughes, assim como ocorrera no álbum anterior.

Outra grande letra do Purple surge em "Holy Man". Composta por Coverdale antes mesmo de entrar no grupo, aqui ela curiosamente é cantada por Hughes. Blackmore introduz com um lindo solo, levando aos vocais de Hughes sobre uma levada lenta e muito bonita. Os teclados de Lord se fazem presentes, e a canção se encerra de forma suave, eternizada na mente do ouvinte.

O lado A fecha com a mais que dançante "Hold On". O órgão introduz de forma jazzística, trazendo a cadência de Paice, que se mostrava cada vez melhor em criar batidas swingadas. Coverdale canta a primeira parte, dividindo os vocais do refrão com Hughes, detentor dos vocais da segunda parte. Blackmore executa um solo muito tímido, que talvez nem precisasse aparecer, já que o destaque maior vai para Lord no órgão, com um de seus melhores solos.

A rápida "Lady Double Dealer" abre o lado B com um riff muito parecido com o de "Lay Down Stay Down", e é cantada somente por Coverdale, contando com uma boa participação de Paice. "You Can't Do It Right (With the One You Love)" surge como uma das mais legais composições dessa fase. Mais um riff inesquecível de Blackmore intercalado por intervenções de Lord e Hughes sobre a dançante levada de Paice. O funkzão anos 70 feito pelo grupo é contagiante, tornando-se impossível não balançar pelo menos uma das pernas com o embalo criado aqui. Coverdale canta a primeira parte, seguido pelo refrão. Hughes surge com a segunda parte, seguido também pelo refrão e um maravilhoso solo de Lord, com a faixa encerrando com o embalo inicial.

"High Ball Shooter" resgata os tempos de Mark II, com uma forte pegada e apresentando mais uma vez um belo trabalho vocal, com Coverdale e Hughes cantando cada um uma frase da canção.

A linda "The Gypsy" vem com um longo tema instrumental executado por Lord, com acompanhamento de Blackmore, Hughes e Paice. Coverdale e Hughes cantam juntos, cada um a sua maneira, e é impossível segurar o arrepio causado pelas duas grandes vozes juntas. O solo de encerramento de Blackmore só não é mais lindo por que ele se supera com o encerramento do álbum.

Se "Mistreated" é uma das baladas mais lindas da história da rock, "Soldier of Fortune" é uma das mais lindas baladas da história da música. Blackmore ao violão traz o riff principal, que assim como o de "Stairway to Heaven" é um dos favoritos para os aprendizes do instrumento. Acompanhado pelo órgão de Lord, Coverdale assume os vocais sobre o lindo arranjo de Blackmore. Quem nunca chorou com essa canção que atire a primeira pedra. O encerramento é triste, onde Blackmore mostra como ninguém que não são precisas milhões de notas na guitarra para se fazer um solo de tirar o fôlego. Coverdale chora ao microfone e entrega-se a sua solidão, encerrando esse incrível e magistral álbum de forma no mínimo sublime.

Stormbringer conta ainda com uma das capas mais bonitas da carreira do Deep Purple, retratando um tornado ocorrido em 08 de julho de 1927 na cidade de Jasper (Minnesota), e que foi fotografado por Lucille Handberg. Claro que a fotografia recebeu alguns toques especiais, como o cavalo alado, o que deu mais beleza a imagem. A mesma fotografia pode ser conferida no álbum Tinderbox, do Siouxsie and the Banshees.

A edição especial comemorativa de Stormbringer


Em 2009 Stormbringer recebeu um relançamento especial em CD + DVD, totalmente remasterizado por Glenn Hughes e ainda contando com uma versão instrumental para "High Ball Shooter".

Após o lançamento do LP houve uma pausa para as comemorações de final de ano, onde Blackmore começou a se dedicar ao seu primeiro álbum solo. Em 25 de fevereiro de 1975 a banda deu sequência à turnê de promoção do disco, tocando no Sunbury Music Festival, na Austrália, com Blackmore dedicando boa parte do mês de março para finalizar seu álbum. O clima entre Blackmore e a banda andava cada vez pior, principalmente pelo fato de Hughes e Coverdale terem mudado o conceito musical do Purple, e também porque a imagem de Hughes perante Blackmore se tornava cada vez mais forte, tanto que Blackmore delimitou o espaço de apenas 1 m² de palco onde Hughes poderia se mexer.


O clássico álbum de estreia do Rainbow


As últimas datas da promoção de Stormbringer ocorrem em maio, com Blackmore finalmente lançando em junho seu álbum solo, intitulado Ritchie Blackmore's Rainbow, ao mesmo tempo que anunciava oficialmente sua saída do Deep Purple.

Sem seu principal guitarrista, um término do Deep Purple era o que provavelmente ocorreria. Porém, um jovem garoto loiro ainda deu um último suspiro para a banda, como veremos na próxima e última parte da história do Purple sem Mr Ian Gillan.

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